Para quebrar o protocolo, se é que há algum neste blog que é, ás vezes, uma esbórnia porque podemos falar de qualquer coisa, apesar de sermos monotemáticos e preferirmos sempre a música. O primeiro post de 2006 é a tentativa de se fazer uma lista que não é exatamente sobre os melhores de 2005.
Descobri que não sou muito boa para fazer listas. Tem gente que faz listas das melhores músicas e discos do ano, da última década, de todos os tempos...eu nem sequer consigo dizer quais são os melhores discos dos Beatles, apesar de adorar o Sgt. Peppers, Rubber Soul e Revolver. Não consigo formar uma opinião sobre Kid A e Amnesiac do Radiohead, ou de qual é a minha banda preferida. Na verdade, eu deveria saber essas coisas (e já estou remediando isso), afinal, é a área que mais me interessa na vida e são duas bandas de que gosto muito, sem falar na importância notória delas.
Engraçado que foi o Death and Dethroned disco do Jesus and Mary Chain que me despertou essas conclusões brilhantes que muito provavelmente não me levarão a lugar nenhum. No fim, mais importante do que conhecer música e estar informada sobre tudo o que está rolando de legal ou de meia boca no meio musical é saber que importância ela tem para a vida.
Eu não sei se saberia falar da minha vida sem relacionar os momentos mais importantes com aquilo que ouço. Neste momento, Never saw it coming, sétima música de Death and Dethroned embala a dúvida sobre se continuarei trabalhando ou se terei de me retirar.
Aliás, devia ser proibido fazer música tristinha assim. Músicas que falam de amor, de histórias mal resolvidas, com esse vocalzinho aparentemente blasé, guitarras mais calmas e acho até que mais tristes em relação aos discos mais revoltadinhos do Jesus. Para piorar tem Sometimes Always com a Hope Sandoval que aparece para fazer o duelo da mulher contra o homem que a deixou e resolveu voltar...
Não sei fazer listas, mas acho que sei como a música conta histórias de vida, de momentos pessoais e até sociais. Tudo isso piora a situação de pessoas que tem memória afetiva boa demais, como eu.
Conheço pessoas que ouvem Cocteau Twins e ficam tristes, não é o meu caso. Conheço gente que chora ouvindo There´s a light that never goes out do Smiths, entre as quais me incluo. Outros escutam hardcore quando estão revoltados, este momento,para mim, é propício para ouvir a Courtney Love berrando em Violet ou começar a berrar junto com o Frank Black em qualquer música do Pixies (menos Here comes your man e La la love you).
Seymour Stein, do Belle and Sebastian é perfeita para me emocionar sem ficar triste. Depois de assistir Lost in Traslation, Just like honey do Jesus and Mary Chain começou a fazer parte deste time. Outra que é uma artilheira de longa data é Pictures of you, do sempre querido The Cure - banda que ainda não tive o prazer de ver ao vivo e uma das poucas que gostaria de estar na primeira fila aos pés de Robert Smith! (nossa, peguei pesado agora...) Alma Matters do Morrissey me arranca lágrimas, por que ele tem de cantar daquele jeito? Aliás não à toa o Morrissey não tem fãs e sim devotos, seguidores.
Todo mundo deve ter uma música que serve de cutucão. Aquela que dá um pedala na gente como um amigo de verdade faria quando a gente fica se achando a pior pessoa do mundo. A minha? If you want sing out, sing out do Cat Stevens que já chamei de mantra em um texto que escrevi em algum lugar. O cara conseguiu fazer uma letra otimista sem ser ridícula, completamente possível de se clocar em prática na vida e que de certa forma invoca a liberdade. Aliás, percebi que as músicas dele ficam mais fortes ainda quando as ouvimos assistindo Harold and Maude (Ensina-me a viver). A trilha sonora é inteira de músicas do cara que se converteu ao islamismo, depois de quase morrer e funcionam como um terceiro personagem da história.
Mas acho que o cara que tem o talento de me provocar quase todos os sentimentos é Mr. Nick Cave. Fico triste, choro, me emociono, me revolto... Lembro-me muito bem de quando ouvi The Boatman´s Call numa tarde fria e nublada de inverno ...essa é uma das lembranças musicais mais tristes que já tive e não tinha motivos aparentes para ficar triste.
Migrando um pouco para discos. Não posso deixar de citar dois nacionais, que são lindos, emocionantes, me arrancam lágrimas, sorrisos e são trilha sonora de uma história ótima que vivo há seis anos.Os discos: Amanhã é tarde do Fellini, que tenho autografado pelo Cadão Volpato e A vida é doce, do indefectível Lobão. E já que citei minha história pessoal faço logo o serviço completo, não posso esquecer o disco que me fez conhecer meu namorado, o blue álbum do Weezer.
Ah, sim tem músicas que gosto de ouvir quando estou com meus amigos em baladinhas que vão de New Order a Primal Scream. Fora as que uma das minhas turmas tocam no violão. Esse repertório é mais diverso, cantamos tanto Sit down do James como uma do Tim Maia que não lembro o nome.
São milhares de músicas.Milhares de momentos que não teriam a mesma graça sem trilha sonora. Muita coisa bacana que eu amo muito deixou de entrar aqui, se eu fosse continuar o texto viraria um tratado e como eu disse não sei fazer listas, sei narrar momentos e relacioná-los com os sons.
17 de janeiro de 2006
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