26 de abril de 2006

A volta das Irmãs da Misericórdia

A escuridão está voltando para os trópicos. Os morcegos estão começando a se mover, arranhando ansiosamente com suas pequenas garras os galhos das árvores úmidas da mata atlântica, seus radares já visualizam a chegada de uma das bandas mais idolatradas pelos góticos de todo o mundo: Sisters Of Mercy. Comemorando a longa vida de 25 anos, o Sisters traz sua música e sua história, que fizeram relativo sucesso principalmente na década de 80 e início de 90, para a cidade de São Paulo, dia 19 de Maio na Via Funchal, e para o Rio de Janeiro, dia 20 de Maio no Circo Voador.

Apesar da costumeira referencia pela mídia e pelos seus admiradores, a banda sempre rejeitou o rótulo de banda gótica. Mas é compreensível a associação da banda pela maioria ao movimento gótico graças ao vocal profundo e grave de Andrew Eldritch, um dos criadores da banda e à frente dela até hoje, aos climas soturnos, pesados e lentos de algumas canções, as capas escuras de seus discos e ep´s e a própria imagem visual e de atitude que a banda passa.

Acontece que as influências do Sisters vão muito além deste clima sombrio, existiram e existe toda uma leva de bandas e estilo e imagem no mundo pop-rock que remetem ao Sisters of Mercy. Com apenas três discos lançados (First And Last And Always de 85, Floodland de 87 e Vision Thing de 90), são admirados ainda hoje por muitos que não são exatamente simpatizantes do movimento gótico e sim pelo som extremamente original e potente da banda.

Sem sobretudo e nem coturno, o Sisters of Mercy é a banda que vou seguir no mês de Maio.

16 de abril de 2006

Os Números Mágicos da Fofura Extrema

Sabe aqueles dias que você só quer chegar em casa, se afundar no sofá e fechar os olhos, pensando na vida (ou no que essa safada acabou de te aprontar)? Muitos diriam que a companhia perfeita pra uma hora dessas seria um six-pack de cerveja geladíssima, enquanto outros prefeririam a companhia de um cachorrinho de estimação ou uma grande barra de chocolate. Pois eu digo que a companhia ideal não pode ser outra senão o disco The Magic Numbers, da banda de mesmo nome.

É incrível o que este quarteto de gordinhos consegue fazer com a minha cabeça. É como se metade das ondas sonoras que saem das músicas deles distraíssem meu cérebro e os meus sentidos, enquanto a outra metade faz uma faxina geral e uma massagem completa no meu interior. Lembra dos Ursinhos Carinhosos, que podiam soltar uns "poderes" das suas barrigas? Eles sozinhos tinham poder, mas quando dois ou mais se juntavam é que a coisa ficava avassaladora de verdade, certo? O mesmo pode ser dito das vozes de
Angela Gannon (percussão, melodica e vocais), Romeo Stodart (guitarra, vocais, banjo e piano) e sua irmã Michele Stodart (baixo, vocais e teclado). Sozinhas, podem surtir efeitos calmantes, mas somente as três juntas, em sopreposições, duetos e backin' vocals, conseguiriam acalmar a maior das feras. Eu entraria na jaula de um leão selvagem, se tocassem The Magic Numbers bem alto perto do bichano.

É até estranho descrever o quanto essa banda é fofa. Pra saber do que eu estou falando, você precisa assistir aos clipes deles. Se o CD é a identidade do quarteto, é o cartão de visitas, os clipes são aquela noite que você passa acordado junto de alguém, conversando trivialidades só pra acabar descobrindo o quanto aquela pessoa é incrível. "Love's a Game", além de ser, na minha opinião, a música mais linda e fofa do mundo, é a trilha sonora dos quatro minutos e cinquenta segundos de vídeo mais sinceros que eu já tive o prazer de ouvir. A primeira vez que eu vi esse clipe, eu senti uma coisa muito estranha. Foi à uma e pouco da madrugada, no MTV Lab. Aquele clipe irradiou uma luz tão grande, um sentimento tão sincero, tão simples mas ao mesmo tempo tão completo, que todos os clipes que passaram antes e depois dele pareceram completamente sem graça (até porque, de fato, a maioria era).


Quando alguém que é fã de No Use For a Name, Millencolin, The Ataris e Less Than Jake se derrete todo em elogios à uma banda que pode ser descrita apenas como "extremamente linda e fofa", isso só pode significar duas coisas: ou a banda é realmente um achado, ou esse alguém está ficando mais, digamos, sensível.