6 de abril de 2007

Paixão em 33 1/3 rotações


Did I listen to pop music because I was miserable? Or was I miserable because I listen to pop music?
Rob Gordon -Alta Fidelidade



Sexta-feira Santa. Dia em que teoricamente se poderia estar viajando, para aproveitar o feriado prolongado e sem sol, ou se jogar no bacalhau com vinho- tradicional do almoço de família nessa data- eu fico em casa, ouvindo Jesus and Mary Chain, em vinil!


Não sei se é nostalgia ou sensação de idade chegando já que inaugurei a versão 2.8 há uma semana,mas há alguns dias retomei um prazer que tinha jogado na gaveta e largado esquecido por lá: ouvir música....em vinil. Há muito tinha me esquecido como era legal pegar um disco olhar a capa, puxar o encarte - muitas vezes meio tosquinho - que tem um tamanho interessante, às vezes fotos da banda, as letras meio espremidas naquele espaço grande, mas não o suficente para abrigar muitas letras.


Ok, em encartes de CD também vemos coisas parecidas só que com proporção diferente. E os CDs, hoje em dia, não são mais restritos àquela mesmice da capa plástica, é comum pegarmos projetos muito bacanas como With Teeth do NIN e todos os discos do Pearl Jam desde Vitology. Mas o chiado do vinil em contato com a agulha é impagável! Podem me chamar de chata, tradicionalista, antiga...


Mas quem nunca teve a felicidade de colocar um bolachão no toca discos está renegando a uma parte importantíssima da música e das variações de formas em que a música era colocada a disposição para seus amantes.


Passei minha adolescência ouvindo bolachões e na vitrolinha rolava muito rock brasileiro, passando por umas aberrações internacionais que me recuso a confessar, no momento - quem me conhece sabe desse podre vergonhoso pelo qual muitos já passaram. Mas as coisas boas eu posso dizer: a discografia da Legião Urbana, Psicoacústica do Ira eram os mais freqüentes...


Sei lá, estou me sentindo o Rob Gordon de Alta Fidelidade, com muito menos discos de vinil e sem fazer o top 5 dos pés na bunda mais doloridos da vida. Estou me sentindo ele porque para aquele personagem, criado por Nick Hornby, a música era mais uma forma de remontar os momentos de sua vida do que diversão ou passatempo.


Que fique bem claro: tenho muitos MP3 no computador, sou a favor dos MP3 player e mais ainda dos downloads até porque não rola mais comprar CDs como antes e até os vinis, considerados peça de museu para muitos, estão bem caros dependendo do título e de onde se procura. Tenho CDs e adoro a praticidade deles. Mas...- sempre há essa conjunção adversativa em tudo na vida- tirar aquele objeto redondo, 31 cm, geralmente preto, da capa e do plástico e ouvi-lo em 33 1/3 rotações é...simplesmente, delicioso!


Por falar nisso, vou voltar ao Psicocandy, vinil, 1986! Boa páscoa, bom vinho ou boa viagem para todos, até!