30 de outubro de 2005

Shows de bandas que não somos fãs

É muito interessante ir a um show de uma banda que pouco se conhece. Geralmente, a gente fica meio perdido por não conhecer as músicas pelas primeiras notas ou se sente um pouco estranho por estar entre algumas pessoas que cantam tudo em coro. Mas por outro lado é legal pra caramba porque não há compromisso e sim o lance de estar disposto a se deixar levar. Coisa não muito difícil de acontecer quando a banda a subir no palco é o Television, da qual eu nunca fui fã. Conheço algumas músicas, em especial Call Mr. Lee e tenho muito bem gravado nos meus arquivos musicais cerebrais o lindo solo de guitarra de Mr. Tom Verlaine.
Esse é um cara à parte. No geral os guitarristas curtem fazer tipo, fazem careta, uma certa pose ao tocarem e às vezes os que mais fazem pose são os que menos merecem atenção. Mas Tom Verlaine, não. Ele dá um show sozinho, toca pra caralho como se nada estivesse acontecendo. São várias notas num pequeno compasso sem o virtuosismo punheteiro e chato de muitos. Não é só a técnica e sim a capacidade de juntá-la a emoção, além de saber a hora de arrasar num solo ou simplesmente fazer uns barulhinhos. (Nunca gostei de virtuoses, no geral só se exibem, mas não contagiam...).Vale super a pena ver um show de uma banda importante mesmo que pouco conhecida para nós.

Durante o show
Cenas interessantes: nunca vi uma concentração tão grande de all star converse por metro quadrado antes -no qual o meu par se incluía. Enquanto Verlaine nos jogava na cara seus lindos solos e brincadeiras guitarrísticas com a maior cara de paisagem, as centenas de pares de all star se movimentavam, um casal dançava insinuante e dois perdidos, quase desconhecidos assistiam ao show. Era o duo franco-alemão, Stereo Total que tocariam no dia seguinte na mesma Choperia do Sesc Pompéia.
Ele, um cara grandão, cabelo desgrenhado, ela ...não vou falar de outra mulher para não parecer má,mas que ela é assim, hum, estranha, isso é. Assistiam ao show mais ou menos como eu:aparentava ser a primeira vez, não cantarolavam nenhuma música,permaneceram estáticos por todo o show, -eu pelo menos me mexi um pouco e cantei Call Mr.Lee.
As perguntas possíveis são: eles assistem qualquer show com essa frieza? É coisa de europeu? Eles não são fãs do Television? Ok,isso pouco importa.
Em paralelo via-se fãs de todos os tipos. Os moderninhos/estilosos ?acho que esse grupo passa a maior parte do tempo preocupado com o visual - os básicos (acho que me incluo nesse), os que visivelmente gostam da banda, são mais velhos, cantam as músicas e com certeza vieram direto do trabalho o que justifica a bolsa/pasta no ombro e a camisa social manga curta. Sem falar nos mais velhos locões que tinham cara de que curtiram a banda no fim dos anos 70 e não têm e, provavelmente, nunca tiveram nada de hiponga.
No fim das contas acho que poucas coisas são tão boas na vida como ir a shows. A gente se diverte ouvindo o som e vendo a banda, se desconecta dos dramas sócio-existenciais, morre de rir observando a diversidade de pessoas, mesmo que não nos identifiquemos com elas, pensamos como os europeus se divertem...É muito bom e que venham outros.

Pearl Jam, parte III e Mudhoney


O anúncio do início da venda de ingressos para o show do Pearl Jam parece ter botado fim a longa novela que assistimos capítulo a capítulo sobre se a banda tocaria ou não, no Pacaembu.
E com isso veio a loucura. Na quarta-feira, primeiro dia da venda de ingressos, as quatro capitais juntas -São Paulo, Rio, Curitiba, Porto Alegre- somavam o total de 10.000 ingressos vendidos. Parecia pouco, até eu ver na internet, sexta de manhã que dos 80.000 ingressos colocados a venda em São Paulo 25.000 já tinham sido vendidos.
A surpresa ficou ainda maior quando soube por um amigo, que fez a gentileza de ir comprar o meu ingresso, que os ingressos meia-entrada do dia 02/12 já tinham se esgotado. No sábado, não havia mais um mísero bilhete de estudante disponível.
Hoje, domingo, vi na internet que a metade dos ingressos para as apresentações de São Paulo, ou seja 40.000, já se foram. Nada de tão surpreendente pela velocidade com que os ingressos foram acabando.
Sexta-feira ao voltar do trabalho, subi a Avenida Paulista, que para variar estava bem travada, culpa do excesso de carros e da chuva, vi que a fila na FNAC Paulista estava quase chegando na calçada.
As perguntas que não calam são as seguintes: há 13 anos vários fãs esperam a vinda do Pearl Jam para o Brasil,mas será que o público que estava à espera desde 1992 é mesmo hoje em dia? Quem são essas pessoas? É o tempo de espera o principal responsável por essa corrida ou as rádios que estão martelando o assunto o tempo todo?
Mas disso tudo o maior presente, e que ainda estou custando a acreditar, é que o Mudhoney vai abrir todos os shows do Pearl Jam no Brasil. Há quem ache que era o Pearl Jam que deveria abrir para o Mudhoney -se duvidar até o Eddie Vedder concordaria com isso.
O Mudhoney já passou por aqui e Mark Arm esteve no Brasil há pouco tempo com o MC5. O Pearl Jam todo mundo já sabe.... Mas juntas é a primeira vez. O mais interessante seria vê-las separadas.São pegadas diferentes e públicos diferentes. A quantidade de pessoas que conheço que vão ao show do Pearl Jam e nunca ouviram Mudhoney - alguns nem nunca ouviram falar...um sacrilégio! - é enorme. Já que elas vêm juntas é agradecer, aproveitar e pensar anos depois que o segundo semestre de 2005 foi histórico em quantidade e qualidade de shows internacionais.

22 de outubro de 2005

Novela e coisas que não entendo

Semanas se passaram e a novela Pearl Jam continua. Apesar de o prefeito José Serra ter autorizado o uso do estádio do Pacaembú para o show, a CIE Brasil responsável pela vinda da banda ao Brasil ainda não deu a última palavra sobre a decisão de Serra sobre o uso do estádio no período das 19h as 21h45.
No começo eram duas datas confirmadas para o estádio do Pacaembú, até aparecer um show da Mix no meio do caminho para enfurecer os moradores do bairro e fazer o prefeito socar a mesa e dizer que shows estavam proíbidos para o local a apartir daquele momento. Aí começou o pânico de fãs -que como eu, estão à espera do show há uns 13 anos - de terem que ir para outras capitais para ver a banda tocar, por causa da hipótese de cancelamento do show em São Paulo.
A encrenca resultou numa enxurrada de e-mails direcionados ao prefeito, um blog que há umas 2 semanas já tinha recolhido mais de 3.500 assinaturas de fãs pedindo a liberação do Pacaembú e até uma concentração de fãs na porta da prefeitura.Um dos problemas para se fechar um lugar para a realização do show é que o Pearl Jam não toca em espaços com capacidade superior a 40 mil pessoas, parece que já aconteceram "tragédias" em locais que concentraram públicos maiores que esse em shows deles.O desfecho da novela deve acontecer essa semana. (Dedinhos cruzados!)

Mudando de assunto...
Não consigo entender o louco entusiasmo das pessoas pelo Strokes. A banda é legal, muito bom para dançar na balada,mas... é só.

Também não consigo entender o porquê do desejo incontrolável de transformar o Arcade Fire em "hype" como diria o apaixonado Lúcio Ribeiro. Apesar de eu estar me apaixonando por Funeral, a cada ouvida.


Já estou com o ingresso do Claro que é Rock em punho, esperando ainda, tranqüilamente ,o dia em que verei Iggy & the Stooges, Flaming Lips,com o homem bolha (haha), Sonic Youth e o psicho Trent Reznor e seu Nine Inch Nails todos juntos.

Agora é esperar o post do Fred contando como foi o Tim Festival Edição Especial -SP.