Antes que a ferrugem mental, primeiro pela falta de tempo e depois pelo excesso de ócio, oxide totalmente minhas idéias mando uma postagem homenagem. Em breve, meu cérebro deve voltar em versão mais atualizada. Enquanto isso, bora lá!
Parece que foi ontem, a noite, em que ouvi pelo rádio que um acidente de carro havia levado embora para sempre o mestre Chico Science. E nisso já se vão 10 anos, completados no último dia 2 de fevereiro.
Confesso que o mangue beat não me conquistou de primeira. Fui assimilando aquela onda aos poucos e, talvez, só hoje eu tenha a real noção da importância daquele som cheio de referências de música brasileira - em especial o maracatú - e ao mesmo tempo com pegada rock´n roll marcante. Uma ousadia que o Fellini se permitiu mais ou menos 10 anos antes, sem o mesmo sucesso, mas a fusão era com o samba. Cabe aqui um primeiro parêntese: Chico Science era muito fã de Fellini.
Eu, em 1994/95, uma Lolita começando a conhecer música boa de verdade, seguia ouvindo toneladas de canções -várias dispensáveis - e entre elas estavam também A cidade, Da lama ao caos, A Praeira e mais tarde Maracatú atômico e, a conhecidíssima e tocada à exaustão, Manguetown... Até que não pude mais ignorar o movimento musical que emergia de Recife para o Brasil, num momento em que a única música vinda do nordeste, até então, era o Axé com representantes que me recuso a citar os nomes.
Quando me dei conta não estava curtindo apenas Chico Science e Nação Zumbi, mas também outro grande nome daquela cena - ai, detesto essa expressão - Mundo Livre S/A, banda que acompanho até hoje. Segundo parentêse :vale muito a pena ouvir e ter o penúltimo disco da banda O outro mundo de Manuela Rosário.
Não só para mim -acredito- o mangue beat funcionou como uma visão nova para o rock e para a cultura de outras partes do Brasil. Embora, já tivesse viajado um pouco eu nunca tinha valorizado realmente a cultura fora do meu mundinho de cidade grande do eixo sudeste do país. Além de ter dado um ponta pé na chatice que dominava o pop rock nacional.
O mangue beat representado, principalmente, pela figura de Chico não foi mais o mesmo com sua perda. Tudo foi intenso e extremamente rápido como tudo aquilo que é marcante e transformador. A Nação Zumbi continua por aí, Mundo Livre S/A também, mas é impossível ignorar que falta uma peça importantíssima nessa história. Em todo caso o que foi feito permanece. Ainda bem!
16 de fevereiro de 2007
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