Primeiro foi Amores Brutos (Amores Perros,2000) que me causou impacto com a força de suas histórias que questionam valores, a perda de referência e de esperança. Tudo isso com a edição marcante pela pouca linearidade e o roteiro de Guillermo Arriaga. Estava ali se consolidando o meu amor pelo cinema latino.
Depois, levada ao cinema, principalmente, para ver as quase sempre excelentes interpretações de Sean Penn, Benicio del Toro e Naomi Wats em 21 Gramas (21 Grams, 2003) tive um déjà vu: já tinha visto algo parecido antes.E... bingo! Era mais um filme do mexicano Alejandro González Iñárritu.
Diferentemente das duas primeiras vezes, fui ver Babel (2006), mais novo filme do diretor, consciente de que o que me esperavam eram histórias fortes, questionamentos e situações que mostram o que sabemos e sentimos: coisas realmente importantes sempre acabam sendo violentadas por egoísmo, questões políticas e hipocrisia.
Tudo isso foi encontrado nessa película, mas seu grande ingrediente é a dificuldade de comunicação muito bem representada pela quantidade de idiomas falada pelos personagens espalhados por quatro locais do mundo: EUA, Marrocos, Japão e México.
As duas horas de filme nos mostra a viagem de um casal americano ao Marrocos - na tentativa de superar um trauma recente- onde a mulher é baleada por um menino marroquino durante o teste de um rifle comprado por seu pai. Nos EUA, uma afetuosa governanta mexicana cuida dos filhos do casal americano enquanto procura por alguém que cuide das crianças para que ela pudesse ir ao casamento de seu filho,no México. No Japão, uma garota surda-muda lida com o relacionamento distante com seu pai, a ânsia por afeto e o vazio deixado pelo suicídio da mãe - confesso que foi minha história preferida.
Mal estar, reflexão, dor no coração e inconformismo em relação a como as pessoas se tornam joguetes de um destino cruel, geralmente controlado por regras elaboradas por outros homens que as aplicam equivocadamente ao sobreporem o poder de leis cegas sobre a importancia de vidas humanas.
Muitos cineatas já me arrancaram lágrimas motivadas por ternura, emoção, beleza, crueldade, tristeza e tantos outros sentimentos, mas nenhum tinha conseguido me fazer chorar em três filmes seguidos. Contrariando a alegria que, para muitos, pode ser uma marca dos latinos Iñárritu faz filmes amargos, de certa forma melodramáticos, mas nunca banais ou desnecessários. Pelo menos por enquanto.
5 de março de 2007
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