17 de dezembro de 2005

O dia em que São Paulo foi Seattle

Hoje faz duas semanas que aconteceram os shows do Pearl Jam,em São Paulo. Ok, passou tempo demais, mas algumas coisas mesmo com atraso não devem ser deixadas para trás.
Dia 02 de dezembro foi o dia que São Paulo se transformou em Seattle: no tempo (céu nublado, chuva fina o dia todo), no modo de vestir já que muita gente se reencontrou com as velhas camisas de flanela que há muito tempo estavam esquecidas em algum lugar do guarda-roupa e na música; show do Pearl Jam.
Fazia mais de nove anos que eu estivera no Pacaembu, vendo shows que hoje não fazem mais nenhum sentido para mim.Mesmo assim consegui me lembrar daquela mesma movimentação, daquela quantidade fantástica de pessoas indo em busca da mesma coisa que havia visto anos antes.
Desci a rua lateral do estádio com esperanças de ver Mark Arm berrando no palco com seus companheiros do Mudhoney. Cheguei às 18h40 e estranhei de ver o palco vazio. Quando encontrei um lugar mais ou menos para ficar comecei a perguntar ansiosa para meus companheiros: cacete, cadê o Mudhoney?.
Os minutos passaram, a arquibancada começou uma hola que durante um tempo animou a multidão.Enquanto isso eu continuava intrigada com o pensamento será que cortaram o Mudhoney na última hora?, depois descobri que era mais ou menos que tinha acontecido.
Às 19h30,britanicamente, conseguia-se ouvir as primeiras notas de Go. Sim, o sonho de muitos que estavam ali estava virando realidade: Eddie Vedder, Stone Gossard,Jeff Ament, Mike Mc Cread e Matt Cameron (conferir se é ele mesmo) estavam no palco básico do Pacaembu.Básico porque não havia nada além de uma iluminação comum.
Go puxou uma verdadeira enxurrada de músicas que os fãs queriam ouvir. Músicas muito conhecidas para quem conhece Pearl Jam: Hail Hail ,Animal,Better Man, Corduroy,Do the evolution,Last kiss, Given to fly. Essas foram um aperitivo para quem estava ansioso, à espera das seis músicas do Ten,primeiro disco da banda, que foram tocadas no show de Curitiba. A cada cidade, aliás a cada dia o set list mudava. Even flow, tocada mais no início do show foi a primeira a puxar as outras:Porch, Once, Alive, Black e Jeremy.
Mas tudo isso foi estupidamente prejudicado pela péssima qualidade de som que de acordo com um amigo era um som de Tom Brasil Nações Unidas num lugar 10 vezes maior. De onde eu estava ouvia-se duas coisas: a voz do Eddie Vedder e alguma coisa que parecia uma vibração de baixo e bateria juntos, só não se sabia o que era o que. Isso melhorou um pouquinho na segunda hora de show, mas mesmo assim tinha músicas que demorei tipo uns 30 segundos para reconhecer (bizarro!).
Se o som estivesse bom eu não me importaria com o fato de ter ficado num lugar de onde não se via quase nada. Contentei-me em olhar para o telão, que também foi colocado numa altura ridícula, e contei com meu irmão que me ergueu umas 3 vezes para ver o palco.
Eddie Vedder não decepcionou: falou português em vários momentos, apesar de não se entender muito o que ele dizia o esforço deu chame às tentativas. Eddie está com o mesmo cabelo de 13 anos atrás, faz a mesma cara de psico enquanto canta, a diferença é a barba e 13 anos a mais na idade.
Um momento que eu não esperava foi a homenagem ao Johny Ramone. Vedder apareceu no palco sentado num banquinho empunhando um violão e dizendo em português que iria tocar uma música (Man of the hour) para um amigo de quem ele sentia muita saudade. O público respondeu a frase com um sonoro Hey, ho! Let´s go. Na seqüência veio a cover de I believe in miracles, que em Porto Alegre rolou com participação do Mark Ramone.
Apesar do som horrível, do palco que eu não conseguia ver, dos gigantes que sempre paravam na minha frente eu consegui me emocionar em 3 momentos: quando ouvi as primeiras notas de Given to fly, depois em Alive, música que a galera cantou quase em unísono e mais tarde em Black quando eu ouvi as palmas mais cadenciadas e unidas da minha vida. Dava para ouvir algo que se traduzia como um tcha contínuo que não me lembro quando parou.
Jeremy foi tocada quase inteira com os holofotes do estádio ligados. Sinal de que tudo seria pontualíssimo do início ao fim. Deu para ouvir Eddie Vedder dizer que não demoraria outros 15 anos para voltar ao Brasil.
Abstraindo a historinha que tenho com a banda concluo:
1º A voz dos moradores do Pacaembu ganhou disparado dos fãs do Pearl Jam que quase imploraram para a realização do show. O show aconteceu, mas com uma qualidade de som pífia, coisa que o público que pagou 120 pila + taxa de conveniência que a ticket mercenária master cobrou ,não merecia.
2º O Pacaembu é terrível para shows e eu não me lembrava mais disso.Não sei se repetiria a dose.
3º Saí pensando que teria sido mais interessante, cômodo e barato se eu tivesse ficado na arquibancada. Realmente os fãs de rock são mutantes. As pessoas vão mais bonitas a shows hoje do que iam há 10 anos.
4º Droga, perdi o Mudhoney! E não foi por atraso meu. Encontrei uma amiga que me contou que a banda tocou meia hora, das 18h às 18h30, uma hora antes do previsto e divulgado.
5º Não consegui manter a abstração até o fim e vou dizer que apesar de tudo de ruim que citei sou doente, me divirto em shows. Foi bom ver a banda do início da minha adolescência.

4 comentários:

Fred disse...

hehehehe, será que ainda posso colocar meu post sobre o claro q é rock?
;)

Cátia disse...

hhahahahah,acho q vc não levou a sério a brincadeira sobre quem colocaria o próximo post. O Fábio passou na minha frente por pouco...Ah, mas coloca o post do claro, sim. Foda-se o atraso!!!hehe

Anônimo disse...

Hmmm, bem legal. Aqui é o teu amigo gaúcho. Gostei da análise de como foi o show, uma pena vc ter perdido Mudhoney! Não há de ser nada. Em Porto Alegre também aconteceu o show do Pearl Jam, uma pena que não pude ir. Parabéns pelo blog!

Daniel Nusa disse...

Boa descrição de como foi o show...eu infelizmente não pude ir por falta de grana mas quem sabe eles voltam. Concordo com você, o Pacaembu é horrível pra assistir a qualquer show.