World will travel, oh so quickly
Travel first and lean towards this time.
Oh, I'll break them down, no mercy shown
Heaven knows, it's got to be this time
Watching her, these things she said
The times she cried, too frail to wake this time

Depois de 11 anos indo a shows, acreditei por um tempo que a ansiedade se tornaria coisa do passado já que a prática, teoricamente, acaba com a surpresa. Ainda bem que a gente se engana.
Há alguns meses eu disse que todas as minhas segundas-feiras seriam azuis até 14/11, dia da segunda apresentação do New Order, em São Paulo. Mal sabia eu que não só as segundas-feiras como os dias e noites se tornariam azulados e multicoloridos depois do show.
Ontem, durante quase duas horas me tornei uma adolescente ansiosa e emocionada como nunca acreditei ser possível. Se ano passado, tive a melhor surpresa em relação a shows com o Flaming Lips, ontem a
superação completa de qualquer expectativa aconteceu.
Junto a mais ou menos 6.000 pessoas, vi a banda que um dia compôs o Joy Division começar o show - que seria uma festa perfeita - com Crystal, que viria acompanhada de Regret - cuja letra já decorou uma das paredes do meu quarto - e mais tarde de Ceremony. Com esta seqüência foi impossível não se emocionar.E era apenas o começo...
Ao lado das caixas, do lado direito do palco do Via Funchal era possível ter uma boa visão do divertido Peter Hook que falava com as pessoas, sorria, cantava, fazia poses para as câmeras- e isso não é exagero das matérias veiculadas pelos meios de comunicação.
O aparentemente tímido Bernard Summer estava empolgado: cantava com gosto, falava com o público, dava uns gritos ? que às vezes eu não acreditava muito que viessem dele - e até dançou durante Bizarre Love Triangle quando estava livre da guitarra.
O discreto Stephen Morris fazia um trabalho quase matemático na sua bateria parte acústica, parte eletrônica. Perfeito!
Como se tudo isso fosse pouco Transmission veio como um tapa na orelha: seco, direto e inesquecível. Além dela e Ceremony, outros Joy Division ainda seriam ouvidos.
O público não estava unido ali apenas pela paixão por New Order e Joy Division, mas também por cantarem quase todas as canções, inclusive as novas como Waiting for the Sirens Call e a ótima Krafty.
Em algum momento, surgiu These Days. Outro Joy Division! Estava quase pedindo para me beliscarem para ter certeza de que aquilo era verdade.
A discoteca estava prestes a começar com as primeiras batidas de True Faith. Na seqüência, mais ou menos nessa ordem vieram Bizarre Love Triangle, a linda Temptation, Perfect Kiss que se transformaria na inesquecível, Blue Monday para matar a galera de dançar. Exagero de hits? Sim, mas era um show para fãs e todos ali queriam cantar junto com a banda e dançar até ficar exausto.
Paradinha. O primeiro bis vem com mais uma emoção forte: Atmosphere! Não esperava essa. Paralisei, sem acreditar no que via e ouvia. As luzes coloridas que giravam lentamente no ritmo das notas da canção, o público, a banda criaram a atmosfera mais emotiva que já vi num show. Nesse clima, impossível não sentir falta do vocal marcante de Ian Curtis e porque não de sua presença -por mais viajante que isso possa paracer. Se há alguma magia no mundo com certeza ela esteve por ali.
Ainda meio sem acreditar no que tinha ouvido, vi o New Order subir pela segunda vez ao palco para se despedir com Love will tear us apart.
Era o fim do melhor show que eu tive a sorte de ver. Não sei se haverá outro que consiga tomar este posto. A minha trilha sonora mental ainda está tomada por versos assim:
Oh, you´ve got green eyes/
Oh,you´ve got blue eyes/
Oh, you´ve got gray eyes/
And I´ve never seen anyone quite like you before...
E eu estou completamente atordoada, ainda.
PS:Tenho certeza que este foi o post mais deslumbrado que já coloquei aqui.Mas sei que outros como eu estão igualmente bobos. Na saída do show encontrei uma moça que conheci no dia que comprei os ingressos e ela me disse "valeu a pena cada gota de suor derramada". E eu completo: não só o suor, como a grana, o tempo, o cansaço e a recusa de algum convite para um bate volta até a praia no feriado do dia 15 valeram e valeriam novamente.