15 de novembro de 2005

"Como foi o TIM Festival em São Paulo?"

arcade fire no rioTenho de voltar a postar alguma coisa antes do Indigesto ficar famoso e começar a faturar alto. Do jeito que a coisa está, a Cátia vai poder reclamar de uma porcentagem maior nos lucros vindouros. Já com a porcentagem do Fábio não me preocupo muito, é só pagar um Kuat com laranja que é mais do que ele merece. Brincadeirinhas e atrasos à parte, o Tim Festival 2005 com os Strokes já foi e, antes de postar algo sobre o Claro que é Roque, quero deixar registrado algumas coisinhas sobre minha passagem pelo Tim. Se quiser pular o blá-blá-blá, no final do post coloquei as notas dos shows, de zero a 10.

Chegamos ao local do festival com a idéia de explorar as "especialidades" da redondeza. Após um de nós três saborear um misto quente suspeito, um outro uma latinha de cerveja quente por R$2,50 e o terceiro ficar apenas divagando em tomar uma dose de um bom whisky, fomos para a enorme fila ouvir o final da apresentação da Nação Zumbi. Escutei as últimas músicas do lado de fora, na fila para entrar, orientado por vendedores de capa de chuva que a vendiam por R$3 no final da fila e por R$10 no início da fila. Minhas dúvidas quanto ao local ser ou não um lugar aberto acabaram ali. Pensei muito se não valeria a pena levar uma capa."Dane-se", pensei, se minha amiga não estava nem aí pra aguaceira que poderia vir a cair, não sou eu que vou demonstrar toda a fraqueza de um homem precavido.

Entrando no local, teve início o show da inglesa MIA. Não fazia idéia do que esperar até começar a ouvir uma batida eletrônica que me fez lembrar muito a batida do funk carioca. Havia algumas percussões tribais, mas que pareciam estar ali apenas como figurantes. Todas as músicas eram ritmadas pelo "batidão". O som era todo vindo de um DJ e de sua mesa, enquanto MIA cantava seu rap e dançava uma coreografia que, pra mim, era inútil, naquele palco gigantesco. Não entendi nada e acabei gritando com o dedo do meio estendido : "Eu quero é ROQUE!"

Fora MIA que aí vem o Arcade Fire. Ajudado pela amiga fanática por Arcade, fomos abrindo espaço entre a multidão, chegando quase a encostar na grade.
Abro aqui um parenteses. A amiga encostou-se à grade, viu a turminha VIP que estava ali e nos deixou revoltados ao contar que havia um espaço enorme na frente do palco destinado aos Vips e, adivinhe, poucos "vips". Só no Brasil que organizadores vendem 30.000 ingressos para a pista custando R$120 e não dá a chance para estes, que são os que pagam todo o Festival, chegar perto do palco, apenas para agradar alguns 100 mais afortunados. Fecha o parenteses.
Wake Up! Essa foi a música que deu início ao fantástico show da banda canadense Arcade Fire, uma das bandas mais originais a surgir nos últimos anos. Nove ou oito integrantes vestidos de preto, instrumentos de cordas, de percussão, acordeão, vocais, ótimas músicas, simpatia e muita energia. Suas músicas, de camadas melancólicas, alegres, dançantes, enérgicas, emotivas, fazem com que a banda funcione muito bem ao vivo. O Arcade Fire nos da aquela chance de se surpreender com a performance enérgica de seus integrantes, do tesão que eles têm em estarem ali tocando, e também nos deixa livres para dançar muito, esquecendo a gostosa bagunça que acontece no palco. Rebellion (Lies) foi a canção escolhida para fechar o show, um dos melhores já visto por este que vos escreve. A ótima apresentação da banda foi confirmada por pessoas que estavam ali apenas para ver os Strokes e que acabaram por se surpreender com o Arcade Fire.

O show do Kings Of Leon serviu como uma pausa para mais umas cervejas, umas mijadas e para sentar no chão e conversar, à espera dos Strokes.

94,7% das pessoas que ali estavam foram para ver os Strokes, portanto chegar na linha de frente foi bem mais difícil desta vez. Os inimigos eram muitos, todos querendo um pedaçinho de terra que fosse. E lá vem os rapazes, e lá vêm os gritos. Histéricos. De moças e rapazes. Gritos que me fizeram lembrar aqueles shows dos Beatles onde não se houve a banda tocando e sim apenas os gritos que parecem estar saindo por um orifício bem menor que a boca. Um cara do meu lado não parava de gritar a plenos pulmões.
Abrindo mais um parenteses. O problema que antes eu apenas suspeitava agora ficou mais cristalino, o som que vinha do palco estava muito baixo, bem longe do que se pode esperar de um festival para trinta mil pessoas. Parenteses fechado.
A banda entrou no palco e, se ali no palco estivesse um telão em vez da banda tocando, a diferença seria mínima. Eu senti falta daquele algo mais que nos faz estar ali pra ver uma banda ao vivo. Os Strokes não tem este algo a mais. O que ajuda os Strokes é a quantidade de músicas boas e de hits. E os fãns. Gosto de seus três discos de estúdio. Discos com melodias que me faz lembrar o pós-punk de bandas como Television e a simplicidade cheia de energia de Lou Reed, tudo muito bem distribuído em um som próprio. Eu gostaria de ter visto um pouco desta energia, que funciona tão bem nos discos, ser extrapolada no palco. Talvez com um peso maior, com mais pegada, não sei dizer. É o que sempre espero de uma banda com influências tão próximas do punk rock. O que importa mesmo é que o show pragmático dos Strokes funcionou muito bem para a grande maioria dos presentes, que estavam ali apenas para ouvirem os Strokes e todos os seus hits.

A capa de chuva não fez falta alguma, ainda bem.

Notas:
Nação Zumbi: não se aplica
Mia: 0.3
Arcade Fire: 9.6
Kings Of Leon: não se aplica
Strokes: 6.9

6 comentários:

Anônimo disse...

Opa!!!! E não que resolveu escrever mesmo?!!!!
Meu, a descrição sobre o show tá muito boa e apesar de não ter me animado em ir no Tim festival lendo o texto acabei ficando curiosa. Ah, e ainda bem q vc pensou em grna pq realmente com o movimento de informações deste blog eu ficaria sócia majoritária!!rsrs
bj
ps: semana q vem é minha vez de fazer um quilométrico como o seu!!

Fabio disse...

Eu não sei como vocês arranjam tempo pra escrever textos desse tamanho... Às vezes eu consigo também, mas tem que rolar uma inspiração sobrenatural. Hehehe!

E um Kuat com Laranja é o que eu mais queria agora. Além de um Nintendo DS novo com o Mario Kart e Nintendogs.

Fabio disse...

Aliás, posso escrever sobre games aqui no indigesto? Ou é só sobre música?

Fred disse...

putz, realmente tb não sei como perco meu tempo escrevendo textos grandes.
e já é a vigésima pessoa que nomeou meu texto de "quilométrico". hihihihi.
só o fato de nunca estar satisfeito com o que escrevo já deveria brecar meus impulsos...
vou tentar resumir mais, para o bem da minha sanidade.
;)

Cátia disse...

Não faça isso! Acho q a graça desse negócio é justamente se empolgar. Teoricamente eu não tenho tempo mas quando é para escrever sobre sons a coisa muda...e começou a mudar agora pq eu era uma grandississima preguiçosa!

Cátia disse...

Fábio, não suma ! Continue escrevendo aqui, assim fica mais divertido abrir esse endereço e ver que tem coisa nova.
Opa! A divisão das cotas dos sócios vai começar a ficar equilibrada denovo,heheheh.