28 de outubro de 2006

Great Balls Of Fire !

eContinuando a campanha de divulgação dos melhores álbuns de 2006, este é um daqueles cujas faixas não tocarão em nenhuma rádio e muito menos em pistas de dança. Os sites descolados de música moderna não vão fazer review e divulgação, como já constatei por aí, mesmo sendo um álbum obrigatório de purificação e iluminação de muitas almas perdidas : Jerry Lee Lewis, minha gente, "The Killer" em pessoa, com seus 71 anos, lança esta preciosidade chamada Last Man Standing. The Killer nos presenteia 21 clássicos que vão do rock and roll ao country ao blues e de volta ao rock and roll, com convidados mais do que especiais o acompanhando em cada faixa. Logo na primeira escutada foi fácil escolher algumas faixas preferidas, e elas imploram para serem divulgadas. Coitadas, mal sabem que eu faria qualquer coisa por elas.

A faixa que abre o disco, Rock And Roll, com Jimmy Page na guitarra é para mostrar logo de cara o que significa este disco. Nada mais que um dia na vida de Jerry Lee Lewis, sentado ao seu piano, tocando descompromissadamente à espera de alguns amigos e convidados. Eles vão chegando, dizem "Hey Jerry, vamos tocar aquela?". Tocam, se divertem a valer, dizem um "Hey Jerry, preciso ir andando, até a próxima". A porta se abre e o próximo camarada já chega sabendo o que é preciso fazer.

Uma das próximas faixas que me arrebatou foi Evening Grown, com Mick Jagger e Ron Wood. Jerry e Mick intercalam seus vocais de forma descontraída e divertida.
Que delícia é ouvi-los cantando While I'm waiting for your blonde hair to turn grey...

É algo que se nota em muitas faixas, Jerry brincando com seus convidados. É um menino, é um dos Pais, mostrando como se deve fazer um disco com clássicos do rock, do country e blues, sem exageros, simples, exatamente como as músicas originais vieram ao mundo.

O blues de You Don't Have To Go, com Neil Young, é memorável. Jerry, o seu incendiário piano, Neil, e sua estridente guitarra. Quem é o próximo, por favor, isto aqui está bom demais.

Em Sweet Little Sixteen, de Chuck Berry, outro Paizão do Rock, Jerry tem como convidado Ringo Starr. Sempre fui fã da voz de Ringo e aqui ele se junta a Jerry e me faz sorrir de orelha a orelha.

Para finalizar logo essa história de algumas de minhas favoritas, que tal escutar o blues Trouble in Mind com o piano de Jerry e a guitarra de Eric Clapton? Aqui a coisa não só funciona, como emociona.


Um disco sem frescuras, produzido na medida, tocado com paixão, longe de ser perfeito, graças aos céus, isto é Rock'n'Roll. Last Man Standing, de 2006, um disco de um dos caras que ajudou a montar todas as bases do que escutamos hoje, exatos cinquenta anos depois de lançar seu primeiro single, Crazy Arms/End Of The Road, de 1956.
Yeah, come on baby, whole lotta shakin' goin' on.
Botando pra quebrar, literalmente.

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:jerry lee lewis:
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tocando
You Don't Have To Go de Muddy Waters ao lado de Neil Young no David Letterman

25 de outubro de 2006

Premonições do Tim Festival 2006

O Tim Festival 2006 em São Paulo com as grandes atrações mudou de lugar (graças aos céus!): do Anhembi, que comporta 20.000 pessoas em céu aberto, foi para o Tom Brasil Nações Unidas que comporta 4.000 felizardos em lugar fechado, e vai rolar neste domingo, dia 29, dia de Eleição. Recomendo acordar cedinho, de preferência de ressaca, ir na seção votar qualquer coisa, seja lá qual a coisa de sua preferência, chegar em casa, voltar a dormir, acordar lá pela tarde e sair para o show.
Provavelmente é o que irei fazer no domingo, antes do show.
E aproveitando que estou nessa onda de premonição, muito provavelmente por causa do café com gosto estranho que acabei de tomar, vou tentar prever o que vai acontecer DURANTE o festival. Acho que vai ser mais ou menos assim que as coisas vão se desenrolar para mim e alguns amigos:

No carro, antes de chegar ao local do show:
- Ainda bem que o show não vai ser mais no Anhembi, estou tão feliz.
- É, lugar fechado, 4.000 pessoas... Comparado ao Anhembi...
- Anhembi é uma BOSTA !
- É.
- Tv On The Radio é pra tocar em lugar pequeno, seria um desperdício.
- Meu, eu tinha o ingresso para ver eles na choperia do Sesc Pompéia no ano passado e...
- Ah não! De novo ?! Você já contou essa história umas doze vezes....
- E o pai de um deles morreu e...
- ...doze vezes só hoje !

Já perto da entrada, à procura de MUITA cerveja ou algo que faça com que pessoas de 30 consigam aturar festivais de grande porte até o final:
- Será que já estão vendendo bebidas?
- A lei seca vai até que horas?
- Acho que até as cinco.
- De domingo?
- Depois das cinco tá tudo liberado.
- De domingo?
- Das 8h até as cinco da tarde.
- De domingo?
- Não, cinco para às nove da noite de quinta do mês que vem. Claro que é de domingo, PORRA !
- Olha! Uma tiazinha ali com um carrinho vendendo latinhas imundas de CRISTAL !
- Cristal ?!
- Tia, quanto é a latinha ?
- R$ 43.
- CARALHO !
- Que caro !
- É a Lei Seca, meu filho.
- Sabia que na época da Lei Seca, em Chicago, na década de 30, eles faziam uísques na banheira ?
- Eca, imagina então onde essa cerveja foi feita.

Dentro, já assistindo o Mombojó, a eclética banda de Recife:
- Legal o som deles.
- Fiz a maior confusão, imaginava que era uma banda de duas pessoas mas olha só...
- São: uma, duas... quatro, cinco...
- Bastante gente.
- São de Recife, muita coisa boa sai de lá. O Mangue Beat...
- E eles são bem novinhos.
- Parece que no site deles tem todas as músicas do primeiro disco pra abaixar.
- Massa !

Após o ótimo show do Mombojó, entra os novaiorquinos do Tv On The Radio:
- Puta MERDA, isso é muito bom !
- E eu nem tô bêbado pra curtir direito.
- Esse é um som bem diferente, tem tanta coisa junta, e não dá pra definir...
- É bem atmosférico.
- Atmosférico foi boa.
- Valeu.
- Tem um lance meio eletrônico também, mas sem exageros, na medida certa.
- Boa, sem exageros foi boa.
- Valeu.
- Puta MERDA, o último disco deles é muito bom !
- O primeiro deles também...
- Mas o último ficou mais acessível, não sei dizer, tem mais... gingado.
- Gingado foi péssima.
- Valeu.

O inesquecível show do Tv on The Radio dá lugar ao show da dupla do Thievery Corporation:
- É um som gostoso de ouvir, meio trip hop.
- É mesmo, pensei que era um negócio mais agitado, meio techno.
- Mas não é. Eles misturam umas coisas de outras bandas, samples, com coisas deles.
- Eles fazem remixes, são DJ's.
- Mas tem uns riffs meio acid jazz.
- Não sabia que você conhecia acid jazz. E que sabia falar riff.
- Cala a boca e dá um gole dessa cerveja.

Sai o Thievery Corporation, que dá lugar ao Yeah Yeah Yeahs de Karen O:
- Essa mina tem uma cara estranha.
- Olha a roupa dela, parece a Siouxsie.
- No último disco tem uma música que lembra Strokes.
- Quê? Cala a boca...
- O disco novo é mais ameno, menos cru que o primeiro.
- Cu ?
- Cru! De Crueza !
- Cu de framboeza ?
- No primeiro disco ela grita demais. No último disco ela canta.
- Cantando ou não, o show tá bom. Toda a banda tá se entregando.
- Rock'n'Roll ! Finalmente !
- Essa é do disco novo, eu acho.
- Rock'n'Roll ! YEAH !

Sai o rock do Yeah Yeah Yeahs e entra o techno dos parisienses do Daft Punk :
- U-hu! U-hu! Amo-os !
- Eu não sei o que esperar.
- Você não gosta ?
- Fui eu quem gritou "Rock'n'Roll ! YEAH !", você acha mesmo que eu iria gostar de techno ?
- Mas não é só isso. Tem rock, tem hip hop, tem house, tem...
- Rock? Onde? Se bem que o visual está legal, e o som também.
- Eles também são DJ's, pegam samples e misturam tudo, só que com essa batida TUM-TICH TUM-TICH TUM-TICH.
- Cala a boca! E me deixa dançar.

É, acho que entre altos e baixos, o Tim Festival deste domingo vai ser bem bacana.
Nos vemos lá!
E vote consciente.

Links:
site do Tim Festival 2006
Links das bandas:
site oficial do Daft Punk
site oficial do Mombojó
site oficial do Thievery Corporation
site oficial do TV On The Radio
site oficial do Yeah Yeah Yeahs

23 de outubro de 2006

Grandaddy e o Meu Provável Disco do Ano

Clic... Clic...

É o que se escuta no início de uma das músicas mais saborosas que já degustei. Now It's On é o nome da iguaria, ela é o prato de entrada do recheado álbum de 2003, Sumday, servido pelos chefs do Grandaddy, da modesta cidade de Modesto, Califórnia.

Algumas canções da banda, formada em 1992, colocam aquele sabor que falta a todos nós que sabemos a enorme diferença que existe em querer estar sozinho e se sentir solitário: se você gosta de relaxar, deitado ou dirigindo, de andar sem companhia, de olhar pela janela do ônibus e acompanhar a vida de todas aquelas pessoas passando numa velocidade qualquer, Grandaddy tem as canções com o tempero certo. Acho que é para isso que serve as bandas que tocam o denominado rock-folk espacial, e que cantam histórias sobre robôs melancólicos trabalhando numa noite escura em uma fábrica qualquer e sobre namoradas controladas por uma conservadora família.

Melodias fáceis de escutar e altamente assobiáveis: Doo Doo Doo Dit Doo é como a voz quase sussurrada de Jason Lytle inicia a canção The Group Who Couldn't Say, do álbum Sumday.

Infelizmente, para mim e tantos malucos que estão tentando entender o que estou escrevendo, o Grandaddy soltou, neste ano de 2006, seu canto do cisne. Chama-se Just Like The Fambly Cat, lançado em julho no Brasil pela Sum Records, e está alguns pontos de vantagem na frente dos concorrentes como melhor disco do ano. Canções como Jeez Louise, Summer... It's Gonne e Elevate Myself vão demorar para sair de meu cérebro, já que foram gravadas à ferro e fogo, sem dor alguma.

Mia Mia Mia Miau cantarola a voz tranquila de Jason Lytle em Where I'm Anymore.

Pode-se dizer que algumas das razões da banda resolver terminar foi o fato de que seus integrantes, avessos à mídia e em se expor, não estavam mais com o mesmo tesão de excursionar, a grana não entrando e suas músicas não tocando nos rádios não compensavam todo o stress. Simples assim.

I'll Never Return, nos diz Jason Lytle, numa voz quase apagada, na última canção do seu último disco com o Grandaddy.

Melhor assim, quem sabe, depois de um tempo com a banda já terminada, são descobertos e resolvem retornar em uma turnê caça-níquel que inclua o Brasil.
Seria perfeito!

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:grandaddy:
:myspace:
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video clipe de Elevate Myself

17 de outubro de 2006

Vamos Cantar : Plugin de Letras de Música

Escutando sua música favorita no computador, você sente uma vontade louca de cantá-la junto com aquele cantorzinho inglês cheio de sotaque. Em vez de você sair à procura da letra da música pela internet, que tal se a própria aparecesse no seu player favorito, sem nenhum esforço?
Bem bacana, hein?


Já é possível acabar com este trabalho chato de ir atrás das letras pela internet. Se você usa o Winamp ou o Windows Media Player para escutar sua músicas no computador, já existe um plugin gratuito que vai facilitar muito a sua nova vida de cantor: o Lyrics Plugin.

Lyrics PluginFácil de baixar e instalar, este pequeno programa mostra em instantes a letra da música que você está ouvindo, direto no player. Você vai precisar estar conectado na internet para que o plugin possa achar a letra da música que estiver tocando. Existe um menu de opções, logo abaixo da letra, onde é possível editá-la e configurar cores de fundo e de fonte. Caso a letra da música não estiver disponível, você mesmo poderá procurá-la clicando em Search Google no menu de opções : ao achar a letra em algum site, é só copiá-la, voltar para o menu de opções e clicar em Edit. Uma janela irá abrir para que você cole a letra copiada. Clique em Save Changes e... voila!

Estou usando o plugin para o Windows Media Player e por enquanto está tudo funcionando muito bem. Se alguém resolver instalar e estiver tendo problemas, dê um grito! Ou use o comentário para tentarmos resolver o problema... cantando!

Link:
Lyrics Plugin

10 de outubro de 2006

E viva as Blondes !

Chega a ser deprimente a maneira como os pais deste filho pródigo se comportam, se ausentam. Eles fingem preocupação, dizem que vão voltar um dia, que já estão preparando o leitinho com nescau mas demoram dias para colocar a mamadeira na panelinha com água quente. É um desastre, repito, um descabimento.
Enfim, um dos papais está de volta com um restinho de nescau na mamadeira já meio morna, trazendo mais uma dica musical para os nossos orfãos queridos.

Indies? Nós?Anotem o nome desta banda inglesa que está prestes a estourar: The Long Blondes.

As três garotas e os dois rapazes que formam a banda estão preparando o lançamento de seu disco de estréia, agora em Novembro, e não vai ser pouca coisa. Suas músicas, até então, podem ser escutadas em singles independentes lançados desde a formação da banda, lá longe, em 2005. Em 2006 assinaram com a Rough Trade Records, gravadora mãe da Inglaterra que pariu bandas seminais como The Fall e The Smiths e que apresentou ao mundo bandas queridinhas de hoje como The Strokes, Belle & Sebastian e The Libertines.

O Long Blondes acaba de lançar o single Once And Never Again, pela Rough Trade, preparando terreno para o álbum Someone To Drive You Home. O som das Long Blondes é feito para dançar e dançar e dançar. Já as letras são puro drama-de-saias, como diz a letra do single Weekend Without Make Up :
another weekend without makeup
another evening to myself
well, i guess that i won't be having the time of my life tonight
where do you go when you've finished work?
As letras melancólicas passam pela influência de bandas clássicas de garotas dos anos 60 como The Ronettes e The Shirelles. Já o som segue o rastro e a tendência de bandas como Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs, é aquela batida que todo mundo já conheçe, a new-wave com pitadinhas eletrônicas dançante temperadas com um gostoso punk rock, como era o Blondie no seu início, vocais a lá The Slits, uma linha de baixo post-punk e por ai vai.

Abaixe Weekend Without Make Up pelo Soulseek (existe outro programa pra abaixar mp3 que presta?) e se imagine dançando na pista. Depois pergunte ao DJ de sua balada se ele conheçe Long Blondes. Se ele não conheçer, pobre diabo, fale para ele parar de tocar Strokes e que comece a ler urgente o Indigesto.

Links :
The Long Blondes
Rough Trade Records
Soulseek
video clipe da faixa Weekend Without Makeup: