7 de novembro de 2006

Os anos 80 de Grant Lee-Phillips

Fui apresentado ao som folk do californiano Grant-Lee Phillips graças a dica dada pela minha amiga Cátia, deste mesmo blog. Ela adora o som do cara, portanto nada mais justo que ela mesma escrever sobre Grant. Acontece que Nineteeneighties, o último disco de Grant, lançado neste ano e ainda inédito no Brasil, é, para mim, um dos melhores discos de 2006. Então, Cátia, vou passar na sua frente e escrever sobre o cara, tudo bem?

Grant-Lee Phillips apareceu nos anos 90 com sua banda Grant Lee Buffalo e, se você fizer um esforço, vai lembrar do ótimo disco de 1993, Fuzzy, e o hit de mesmo nome que tocava nas rádios rock da época e onde - incrível imaginar hoje em dia - a MTV passava o clipe em sua programação diária.

No final da década de 90, Grant Lee deixa o Buffalo de lado e sai em carreira solo. Nineteeneighties é o quarto desta carreira solo e é o mais inusitado. Ele deixa de lado suas ótimas composições próprias e lança um disco apenas de covers de bandas vindas dos anos 80 que, segundo o próprio Grant, faziam parte de seu K7 oficial. Que saudade dos K7... Lembra quando gravávamos fitas com nossas músicas preferidas e saíamos ouvindo no walkman?

Acreditar na música de Grant Lee Phillips é muito fácil, é o tipo de artista que transmite sinceridade e honestidade na forma que canta e toca sua folk music. Sua voz é linda, não ouso nem querer comparar com nenhum cantor do passado, seria um pecado.

Nineteeneighties (um desafio: tente escrever bem rápido este nome!) me surpreendeu. Em vez de escolher covers obscuras que ninguém conheçe, como muitos artistas gostam de fazer quando decidem gravar uma cover, Grant foi sincero até o osso. Mesmo porque seria impossível negar a influência no rock de hoje de músicas como Killing Moon do Echo and The Bunnymen; So. Central Rain (I'm Sorry) do REM; The Eternal do Joy Division e Age Of Consent do segundo disco do New Order; Boys Don't Cry do The Cure e a seminal Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me do The Smiths.

Claro que o fato de eu ter crescido escutando algumas das bandas que Grant toca no disco me ajuda a gostar ainda mais de Nineteeneighties. As minhas preferidas : The Eternal do Joy Division, Killing Moon do Echo, Wave Of Mutilation do Pixies e City Of Refugee do Nick Cave. The Eternal é a mais melancólica de todo o disco, mantém o clima da original em um folk com violão e gaita, quase sentindo um Grant encarnando Ian Curtis; Com a belíssima Killing Moon, Grant me fez gostar mais de Echo, mesmo sem escutá-los muito; Em Wave of Mutilation ele conseguiu transformar uma de minhas preferidas do Pixies em um agradável folk hawaiano; Em City Of Refugee, Grant consegue dar uma acalmada em Nick Cave mas não consegue deixar de lado um inquieto violão para nos guiar : You Better Run, You Better Run To the City of The Refugee.

Um disco que resgata músicas influentes da genial safra dos anos 80, todas agora pertencentes à Grant-Lee Phillips e a sua voz, ao seu violão e ao seu disco: acústico, pessoal e sem perder um pingo da alma e identidade original. 11 faixas e 44 minutos de uma bela declaração de amor ao passado.
E aí, Cátia, gostou de Nineteeneighties?

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:grant lee-phillips:
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tocando ao vivo Age Of Consent do New Order

Um comentário:

Cátia disse...

Se eu não escrevo,alguém tem que escrever e esse alguém tem sido vc, solitariamente, rs. Tá foda preciso voltar a colocar posts nesse blog, será por isso que minha vida anda tão vazia???KKKKK

Ótima escolha do assunto do post! Realmente, eu ter deixado passar o Grant Lee Philips batido não tem perdão...Até porque o Grant é um dos que faz parte da minha lista de maridos virtuais,rsrs.Mas que estou curiosíssima para ouvir este disquinho ah, isso estou.
Chega de bobeira!
Semana que vem devo ressuscitar aqui...Por motivos óbvios, é claro!
Bjim