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Depois de descobrir o novo disco do Belle & Sebastian, aqui estou eu novamente escutando mais um disco que parece ter sido feito para ser escutado numa festa onde não se conhece ninguém, mas que acaba sendo divertindo porque é open bar e tem guaraná para todos.
Dirty On Purpose é uma banda de Nova Iorque que segue o rastro de sons fofos que acalmam e que agitam, no estilo Belle & Sebastian, só que com muito mais distorções nas guitarras. Ótimas melodias pop e fáceis de se escutar, além de ótimas canções para dançar se lambuzando de algodão doce.
Mas o encanto que faz tudo parecer uma eterna festa regada a muito açúcar é um pouco diluído com a melancolia de algumas letras sobre corações desfacelados e outras pequenas tragédias. Algumas músicas de Hallelujah Sirens, o disco de estréia do Dirty On Purpose, envolve a união de uma melancólica experiência cantada por um meloso vocal masculino e um doce vocal feminino e mais a batida pra cima de melodias feitas para se dançar de olhos bem fechados.No disco permeiam algumas canções menos dançantes, como a Kill The City, que mesmo tendo uma levada quase folk, não se livrou das nervosas guitarras. No Radio é provavelmente o quase hit da banda, um pop rock gostoso que me fez lembrar alguns momentos do Yo La Tengo, com aquela pegada bem dançante e com aquelas guitarras distorcidas. Uma de minhas favoritas é a instrumental Monument, que me fez lembrar o post-punk de bandas como The Cure e Joy Division e que me levou longe o suficiente a ponto de escolher esta múscia como uma de minhas favoritas do ano e de outros tantos.Um ótimo disco de estréia do Dirty on Purpose, uma banda para ficar de olho quando estivermos precisando de um som para colocar um pouquinho de açucar naquelas festinhas melancólicas e sem graça.
Um amigo disse mais ou menos o seguinte sobre o novo disco do Yo La Tengo : "Achei o disco muito variado, parece uma coletânea." Pois é, mal sabia ele que sua opinião cairia como uma luva para descrever o recém lançado I Am Not Afraid Of You And I Will Beat Your Ass. E duvido que ele um dia chegou a imaginar que este comentário encaixaria como uma meia na abertura de um post no Indigesto. Mais um que vai ficar famoso após ser citado no blog.A variedade de sons e estilos neste último disco do Yo La Tengo só reforça a idéia que sempre tive de Ira, Georgia e James : são nerds musicais. Cada música do novo disco parece que foi retirada de um disco à parte, cada uma conta sua própria história e influência, sem deixarem de fazer parte do universo Yo La Tengo.A influência do Velvet Underground continua firme e forte, assim como as microfonias e as experimentações; as pitadas de free jazz nas baladas pop com vocais sussurrados continuam marcando presença, tudo junto em envolventes melodias. Nada é igual, nada é descartável em I Am Not Afraid Of You.
O rock da banda e o horizonte musical que as envolve foi ampliado com o acréscimo de um novo estilo: a soul music, na faixa Mr.Tough. Em Daphnia, um instrumental de oito minutos que parece ter sido tirado de alguma trilha para se tocar em uma sala de espera acolhedora. A faixa de abertura, Pass The Hatchet, I Think I'm Goodkind, é puro Yo La Tengo: onze minutos do mesmo ritmo poderoso de baixo e bateria, onze minutos de uma viagem pelas distorções da guitarra de Ira. Em I Should Have Known Better a banda nos presenteia com um rock quase punk que lembra a banda X. Em Watch Out For Me Ronnie, o punk rock dos Ramones com pitadas de rockabilly de garagem é a bola da vez.
Para mim, como fã de Yo La Tengo, o álbum I Am Not Afraid Of You está próximo da perfeição. Nele os três conseguiram unir em 15 faixas todos os 22 anos de existência da banda. Conseguiram presentear o ouvinte fazendo uma homenagem a si próprios: uma coletânea de músicas inéditas. Talvez o Yo La Tengo seja a única banda capaz de algo assim, sem parecerem pretensiosos, sendo eles mesmos e lançando um dos melhores discos de sua carreira.
Karen O já está fazendo escola. Começam a pipocar as crias da estridente vocalista da ótima banda Yeah Yeah Yeahs. Jemina Pearl, da banda americana Be Your Own PET, é uma destas crias. O disco homônimo de estréia do Be Your Own PET é um dos discos mais bacanas de punk rock de garagem lançado nos últimos anos.
Sim, porque os roqueiros, tanto os moleques como os dinossauros, estão com dificuldade de fazer seus discos parecerem discos de rock. Para se fazer um disco que transborde rock'n'roll é preciso energia e vontade, mais do que uma produção limpa e pomposa. E com o avanço da tecnologia é mais fácil fazer um disco limpinho, com uma produção caprichada. E já que é fácil lançar um disco que agrade palmeirenses e corinthianos, acabam esquecendo de mostrar o verdadeiro sentido do rock, que é ficar exausto e respingar o suor das gravações nas caixas de som.
Be Your Own PET é justamente o que se procura em um disco de rock'n'roll: a produção é o menos importante. Quatro adolescentes - três caras (quem se importa?) e Jemina Pearl - arrebentam um som cru e honesto que sai com aquela sensação de que o negócio foi gravado ao vivo, sem cortes e interrupções. Um disco de 15 faixas, que dura não mais que 33 minutos, que sangram uma nas outras.
De porrada em porrada, acompanhamos a guitarra estridente e o nervosismo do baixo e da bateria do Be Your Own PET. E logo percebemos que quem comanda tudo é a garota de 17 anos Jemina Pearl, com sua poderosa voz e a suas letras que transbordam sexualidade e diversão - Fuuuuuun é o nome de uma das faixas - em uma mistura divertida de riot-girl adolescente com uma já madura e esperta sensibilidade feminina. Tudo o que queremos ouvir de uma lolita punk rocker.
E ai, vai encarar?
Eu tenho que ser sincero antes de começar a escrever sobre o recente álbum da banda escocesa Belle & Sebastian, The Life Pursuit. Nunca me chamou muita atenção o que já escutei deles, seja vendo-os tocando ao vivo no Free Jazz, em 2001, seja ouvindo uma música ali e outra acolá pelos lugares e momentos da vida.
Até aparecer uma daquelas pessoas especiais com o The Life Pursuit. O disco me foi entregue junto com outros discos de Stan Getz e o do The Commitments, sem eu ter comentado se gostava ou não da Belle ou do Sebastian. Era uma mistura interessante de sentimentos: o disco alegre e direto do pop rock do Belle & Sebastian no meio de um vendaval de improvisos e caminhos variados do elaborado sax de Stan Getz. Sons e sentimentos mais ou menos relacionados com o que eu estava passando na época.Navegando em um site de música gringa, acabei lendo o seguinte comentário feito por um destes gringos anônimos que habitam a internet: o The Life Pursuit é uma mistura de Morrissey com o pop rock dos anos 60 da banda The Monkees. E o gringo tinha razão. Na grudenta Another Sunny Day é possível perceber a simplicidade pop melancólica dos Smiths junto com a alegria pop saltitante dos Monkees.
Associar a ótima The Blues Are Still Blue com o delicioso glam rock de Marc Bolan e o seu T-Rex é garantia de sorrisos. Ao escutar Sukie In The Graveyard notasse a influência de um David Bowie que poderia estar cantando uma alegre melodia glam sobre uma garota que para se ver livre dos problemas, entre outras coisas, adora passear no cemitério. É agradável escutar estilos diferentes em um mesmo disco, ainda mais quando tudo se encaixa em melodias tão fáceis de se escutar. E estas melodias funcionam muito bem por todo o The Life Pursuit, até mesmo quando a banda experimenta um tranquilo soul na faixa Song For Sunshine.Eu não imaginava que fosse mudar tão cedo de opinião sobre o Belle & Sebastian, mas com o The Life Pursuit eles conseguiram, graças ao pop sincero e as diversas e ótimas influências que a banda soube diluir tão bem ao seu som.