28 de julho de 2006

Are you ready???

Popload: A Popload conseguiu arrancar na Inglaterra as datas dos três shows que o grande New Order vai fazer no Brasil. São duas apresentações em SP e uma no Rio. Anota aí:- 13 e 14 de novembro, no Via Funchal (ou Credicard Hall), em São Paulo- 16 de novembro, Fundição Progresso, no Rio de Janeiro

Eu: Só acredito quando os ingressos começarem a ser vendidos...

...E começaram,ontem, meio de sopetão.As apresentações, na Via Funchal,acontecerão mesmo nos dias 13 e 14 de novembro.É a primeira vez que vejo ingressos sendo vendidos com tanta antecedência,quase quatro meses. Será que nisso estamos nos aproximando dos europeus? - acho difícil.
Pelo que vi ontem, quem tiver a fim de ver este show é bom correr,pelo menos quem quiser garantir a meia entrada.A fila estava grande, andando à passos de tartaruga e crescendo o que não estava irritante pelas conversas com duas pessoas: uma japa divertida de pouco mais de 20 anos que viu o Radiohead, no Japão, e uma mulher de mais de 40 que já viu, entre outros, David Bowie no Parque Antártica,há mais ou menos 15 anos. Inclusive esta foi a fila para ingresso de show mais interessante que já vi: crianças acima de 25 anos para não dizer acima de 30,no geral, e uma boa parte engravatada ou munida de terninhos e escarpins.
Depois de 18 anos, desde a primeira vinda ao Brasil e da novela da negociação -que vem rolando há uns dois anos- sobre o retorno a um dos nossos festivais, finalmente, alguns matarão a saudade e outros a vontade de ver essa banda histórica remanescente de outra tão histórica quanto: o Joy Division.
O New Order fez com classe o casamento do rock com as batidas eletrônicas dançantes -que resultou em nove discos e duas coletâneas- contando-se, principalmente, do Power, Corruption & Lies quando cordão umbilical musical que o ligava ao Joy Division foi cortado. É desta época a clássica Blue Monday, o single mais vendido na Inglaterra até hoje.
Daí para frente vieram coisas ótimas como Low-life,Technique, Republic e o penúltimo e ótimo Get Ready que trouxe a banda devolta depois de um hiato de 8 anos.
Bom, agora é sério, a balela acabou: o ingresso está na minha frente e sim, o New Order vem tocar de verdade e isso é mais eficaz do que um beliscão! Daqui até 14 de novembro todas as minhas segundas-feiras serão azuis!

24 de julho de 2006

Eu, Você e Todos Nós

Eu Você e Todos Nós, o Poster!Um filme sobre a solidão está passando atualmente nos cinemas. Ele se chama Eu, Você e Todos Nós (Me and You and Everyone We Know). Solidão, Sexualidade, relacionamentos, curiosidades, manias, traumas e como tudo acaba se envolvendo.

Duas amigas adolescentes provocam e alimentam a fantasia sexual de um cara por volta de seus 30 anos. Um garoto de 14 anos conversa com uma desconhecida em um chat na internet sobre sexo enquanto o irmão de 6 anos observa, atento, aprendendo, também no anseio de participar. E participa. Um senhor descobre, depois de conviver a vida toda com uma mulher que não amava, quem é a mulher da sua vida: uma senhora doente, em seus últimos dias de vida. Uma artista plástica, com um machucado no pé causado pelos sapatos antigos, se apaixona por um vendedor de sapatos que lhe diz, enquanto lhe vende um novo par : "As pessoas pensam que dores no pé são um fato da vida, mas a vida é muito melhor que isso. (...) Sua vida pode ser bem melhor. Começando agora."

A atriz que interpreta a artista plástica é Miranda July, também diretora e escritora do filme, estreando no cinema. Miranda coloca pessoas que vivem em um mesmo bairro, em uma mesma comunidade, onde todas se conhecem e, ao mesmo tempo, todas são autênticas almas solitárias que desenvolvem manias estranhas, que tentam superar divórcios e ao mesmo tempo se dar bem com seus filhos, almas que tentam se relacionar de alguma forma, seja através da descoberta sexual de duas adolescentes, seja na curiosidade de um garoto de 6 anos, seja na forma de adiar o máximo possível a morte inevitável de um peixinho dourado. Algumas cenas podem fazer você rir ou ficar chocado, e quando você espera que já é o suficiente, Miranda chega às vias de fato, mas chega de uma forma sutil, sem exageros, com humor e melancolia.

A trilha sonora é ótima, uma mistura de lounge, um som eletrônico mais calmo, com um tempero folk. As músicas se encaixam muito bem nas cenas, sabem ser notadas. Mas a música que mais marcou foi a belíssima Any Way that You Want Me do Spiritualized, fazendo com que a cena fique ainda mais memorável.

19 de julho de 2006

Em Busca da Salvação : Sahara Hotnights

Garotas. Garotas que cantam. Garotas que cantam e tocam em uma banda de rock. Garotas que me faz acreditar que o rock'n'roll ainda tem salvação. Se for pra ter um homem em bandas de garotas, que seja lá atrás, tocando bateria, bem longe de meus olhos e de meus ouvidos. Ah, mas a banda sueca Sahara Hotnights não sofre deste mal.
Maria, Johanna, Jenne e Josephine. Quatro mulheres que mergulharam em minha corrente sanguínea no exato momento em que escutei a versão delas para a clássica Rockaway Beach dos Ramones, a primeira faixa do disco tributo The Song Ramones The Same - A Tribute to The Ramones, de 2002.

O último trabalho delas, Kiss & Tell, de 2004, é uma aula rara de como fazer rock'n'roll acessível e, ao mesmo tempo, verdadeiro, dançante e cativante. Essas meninas sabem muito bem misturar em seu próprio som algumas das bandas mais influentes da história, colocando em suas canções influências da parte boa da new wave (Blondie, claro), do punk rock dos Ramones (quem mais?) e pitadas do rock mais arrastado de Chrissie Hynde e seu Pretenders. São onze canções que terminam no tempo certo, sem exageros, na medida certa, como tem de ser.

Mas como tudo na vida, é sempre bom conhecer um pouco o passado das coisas. Antes de Kiss & Tell, a banda lançou C'mon Lets Pretend (1999) e Jennie Bomb (2001), dois discos mais pesados, menos grudentos que o Kiss & Tell, mas que já mostravam o que estava por vir. Os dois primeiros discos são altamente recomendados se você não consegue engolir essa história de rock'n'roll acessível.

Visitem o espaço das moças no MySpace. Elas estão próximas de lançar um novo disco e já é possível escutar a demo Salty Lips. A agitada Hot Night Crash eu sempre recomendo, já virou uma de minhas músicas favoritas de todos os tempos. E na bela Walk On The Wire é possível perceber como elas podem compor pop-rock sem perder o estilo.

17 de julho de 2006

Last.fm

Orkut fede, não presta para nada e você sabe muito bem disso.

O legal é se relacionar através da música. O fantástico é criar laços com pessoas de acordo com as afinidades musicais. O estupendo é descobrir que uma bela finlandesa que mora naquela parte gelada do planeta escuta as mesmas coisas que você. Antes que nossas hétero-leitoras reclamem, pensem um pouco como seria legal conhecer uma finlandesa bonitota, não seria o máximo do extremo cool?

Last.fm é o site onde é possível fazer tudo isso e muito mais. O Last.fm vai montar um perfil seu através das músicas que você escuta em seu micro. A única coisa chata que você precisa fazer, além de se registrar no site, é baixar um plug-in para o seu tocador favorito (WinAmp, Windows Media Player, etc), instalar e continuar escutando suas músicas. Agora é deixar o Last.fm fazer o resto, como por exemplo, dando dicas de artistas similares, criando uma "vizinhança" de pessoas que escutam a mesma coisa que você ou até montando toda uma estatística musical de artistas e canções escutadas por você.

Você pode montar uma rádio, adicionar rádios de outros usuários, criar grupos do seu artista favorito, se juntar a grupos, escrever um jornalzinho (espécie de blog) e por ai vai. Sem falar que ele é perfeito para o xereta que existe em você, afinal, é possível saber o que seus amigos andam escutando neste exato momento ou o que eles andaram escutando na noite do sábado passado em vez de irem para a balada.

Vou ser sincero, eu ainda estou engatinhando no Last.fm. Sou um zero a esquerda, só tenho UM DOIS amigos no Last.fm e ainda não encontrei aquela bela finlandesa que tanto procuro.
Mas não estou preocupado, graças a este post, nossos leitores queridos vão promover uma invasão no Last.fm e já ando vislumbrando o site dando prioridade aos brasileiros, exatamente como aconteceu com aquela porcaria do Orkut.

Meu perfil no Last.fm : Fedeba

Que começe a integração através da música!
Last.fm djá.

15 de julho de 2006

Turquoise Boy

Se Reena, a música que abre o novo disco do Sonic Youth, não se transformar em hit em qualquer parada indie-pop-rock, eu paro de escrever nessa joça. Rather Ripped é um dos discos mais populares que a trupe do Sonic seria capaz de conceber. O que isto significa? Para mim, significa que a banda sentiu saudade de seus (meus preferidos) discos mais simples, mas não menos climáticos, apenas mais diretos e crus - e moldados em canções mais acessíveis, como o Sister, Daydream Nation, Goo e Dirty. As melodias com guitarras que essa banda consegue compor são as mais belas que já escutei. Sim, meus amigos, adoro pop, adoro melodias, adoro ouvir Sonic Youth no rádio e ligar no Disk MTV para que eles apareçam no Top 10.

Esqueça um pouco os últimos dez anos de trabalho do Sonic Youth onde eles estavam voltados para suas raízes experimentais. Você não vai encontrar nada disto em Rather Ripped. Aqui você irá encontrar o início dos 90, quando Goo foi lançado, quando o Nirvana estava para surgir para o mundo, quando muitos de nós (100% de nós?) assistiu e escutou Sonic Youth pela primeira vez em um clipe na MTV.

Posso estar viajando um pouco, mas pelo menos estou viajando escutando a Kim Gordon sussurrando em meu ouvido Turquoise boy, I must confess to you, sweet liberation has come, You are a legend in a lovely game, but now I feel I must run.

14 de julho de 2006

A Dica do Dia : Peter & Trent

Ah, se não fosse nossos leitores, essas pessoas informadíssimas que nos acompanham por todos os lados, nos mandando email, cartas, postais, roupas íntimas e, de vez em quando, alguns comentários.

Este post-dica só existe por causa de uma de nossas leitoras assíduas que é, por pura coincidencia, a vencedora da promoção Camiseta Indigesto - Isso sim é moda, SP Fashion Week de c* é rola.

A nossa querida leitora nos enviou uma dica de vídeos musicais para download que é pra deixar o fã de Peter Murphy de joelhos, o fã de NIN de pêlos arrepiados e o fã da estupenda banda Tv On The Radio de pernas bambas.

O sempre boa praça Trent Reznor, cabeça do NIN, está disponibilizando em seu site (isso mesmo, pode clicar na palavra site) vídeos de atuais encontros de sua banda com Peter Murphy, o intrépido vocalista do Bauhaus. Em um destes encontros, uma espécie de show privativo a céu aberto para poucos privilegiados, Trent e Peter se juntam ao Tv On The Radio numa jam session onde tocam Bela Lugosi's Dead do Bauhaus, Dreams do Tv On The Radio e Final Solution do Pere Ubu. Dreams é a música com o clima perfeito pra essa parte do mini-show, uma aula de clima e espontaneidade e rock'n'roll.

A outra parte de vídeo disponíveis para o download é também um pocket-show para alguns felizardos, mas desta vez em ambiente fechado, em uma espécie de estúdio improvisado, onde Peter Murphy e Trent Reznor e mais alguns amigos improvisam Nightclubbing do Iggy Pop, Reptile do NIN, Warm Leatherette do The Normals e Strange Kind Of Love do Peter Murphy. Eu destaco a canção do Iggy, maravilhosamente cantada por Peter.

Após puxar os vídeos e vê-los exaustivamente, é dolorido ter de esperar que o Show 04 esteja disponível, onde Peter e o NIN tocam suas versões de músicas do Joy Division.

3 de julho de 2006

Sete anos sem Sandman

Early to bed and early to rise,
makes a man or woman miss out on the night life

...Early to bed so you can wait
For three buses a trolley and a train
I think it's worth it for you to stay awake
Maybe tomorrow you'll be a little late
Early to bed -Like Swimming

I hear a voice from the back of the room
I hear a voice cry out you want something good
Well come on a little closer let me see your face
Buena - Cure for Pain



Há mais ou menos 9 anos,na casa de uma amiga eu ouvi os últimos versos da epígrafe acima pela primeira vez. O dia ensolarado e quente contrastava com o som denso, boêmio, melancólico traduzido em notas graves de baixo - que só mais tarde soube que era de duas cordas- sax e bateria, o som mais agudo de qualquer música do Morphine.
A música era Buena, o disco Cure for pain e a banda era composta por Mark Sandman (baixo/vocal), Dana Colley (sax) e Billy Conway(bateria). A ausência de guitarras me chamou atenção.O som me lembrava um jazz,mas com pegada rock'n roll.Pouco tempo depois fui surpreendida assistindo o Lado B,finado programa transmitido pela MTV,por Buena, novamente.Ainda não estávamos na época áurea de napster e audiogalaxy,isso veio um pouco depois. Só sei que cada vez que ouvia a banda no Lado B ou neste CD na casa da minha amiga mais interessada eu ficava.
Um dia nas minhas raras compras de CD na galeria do rock,entrei numa loja para comprar Odelay,do amalucado Beck.Enquanto estava guardando o CD e indo embora vi,na prateleira,aquela capa com um céu de nuvens meio roxas,imponente,com um nome de droga que alivia dores que nenhum analgésico consegue mais dar conta:MORPHINE. esitei por causa dos escassos trocados, mas levei a bolachinha para casa e a escutei muito.
Tempos depois, vi um clipe novo e sinistro na MTV:um totén com o rosto de três homens,em preto e branco e criancinhas com caras assustadas olhavam a imagem enquanto os versos de Early to bed eram quase falados,a música era do então último disco da banda Like Swimming. Mais uma vez estava surpresa em ouvir de uma banda que eu nem conhecia muito outra música realmente boa e que eu queria conhecer mais.
Cheguei a ler tempos depois que eles fizeram um show na Argentina e claro,não passaram por aqui.Isso seria remediado em 1999,já que os produtores do Free Jazz tinham intenção de fazer Mark Sandman matar as saudades do país que o acolheu durante um ano, o que não chegou a rolar não por falta de iniciativa de produtores ou falta de grana,mas porque ele se despediu da vida,durante um show,na Itália,no dia 3 de julho do mesmo ano. Quer morte mais romântica? Nada de overdose, nada de suicídio,apenas uma parada cardíaca durante um show.
A sua história de morte,aparentemente,é mais conhecida do que sua vida :o cara era boêmio -Early to bed não parecia um texto fictício, podia até ser autobiográfico- foi taxista, em Cambridge, sua cidade natal,trabalhava a noite, é claro. Trabalhou num barco de pesca, no Alaska. Morou em Santa Tereza,Rio de Janeiro, por um ano e parece que falava bem português. Classificava o Morphine como low rock e como uma banda de boteco,chegaram a tocar em bares pequenos 7 dias por semana. Mas públicos maiores como as 200 mil pessoas, no festival de Glastonburry, 1998, também tiveram a sorte de vê-los.
Sandman, o homem de voz grave que teve a idéia de tocar um baixo com apenas duas cordas,que fazia músicas boêmias e com histórias humanas era botequeiro, gostava dos escritores da geração beat morreu fazendo o que gostava. Infelizmente, não teve a sorte de matar as saudades do Brasil e de nos dar o prazer de ver sua banda tocar ao vivo... Este, com certeza,era um cara do rock and roll com quem eu gostaria de ter trocado uma idéia. Valeu, Mark Senhor dos Sonhos Sandman!

Discos que valem muito a pena serem ouvidos:
Cure for Pain
Yes
Like Swimming
The Night