28 de dezembro de 2006

Mais Açúcar em Nossas Vidas

Depois de descobrir o novo disco do Belle & Sebastian, aqui estou eu novamente escutando mais um disco que parece ter sido feito para ser escutado numa festa onde não se conhece ninguém, mas que acaba sendo divertindo porque é open bar e tem guaraná para todos.

Dirty On Purpose é uma banda de Nova Iorque que segue o rastro de sons fofos que acalmam e que agitam, no estilo Belle & Sebastian, só que com muito mais distorções nas guitarras. Ótimas melodias pop e fáceis de se escutar, além de ótimas canções para dançar se lambuzando de algodão doce.

Mas o encanto que faz tudo parecer uma eterna festa regada a muito açúcar é um pouco diluído com a melancolia de algumas letras sobre corações desfacelados e outras pequenas tragédias. Algumas músicas de Hallelujah Sirens, o disco de estréia do Dirty On Purpose, envolve a união de uma melancólica experiência cantada por um meloso vocal masculino e um doce vocal feminino e mais a batida pra cima de melodias feitas para se dançar de olhos bem fechados.

No disco permeiam algumas canções menos dançantes, como a Kill The City, que mesmo tendo uma levada quase folk, não se livrou das nervosas guitarras. No Radio é provavelmente o quase hit da banda, um pop rock gostoso que me fez lembrar alguns momentos do Yo La Tengo, com aquela pegada bem dançante e com aquelas guitarras distorcidas. Uma de minhas favoritas é a instrumental Monument, que me fez lembrar o post-punk de bandas como The Cure e Joy Division e que me levou longe o suficiente a ponto de escolher esta múscia como uma de minhas favoritas do ano e de outros tantos.

Um ótimo disco de estréia do Dirty on Purpose, uma banda para ficar de olho quando estivermos precisando de um som para colocar um pouquinho de açucar naquelas festinhas melancólicas e sem graça.

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:dirty on purpose:
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video clipe da alegre No Radio

19 de dezembro de 2006

I Am Not Afraid Of You And I Will Beat Your Ass

Um amigo disse mais ou menos o seguinte sobre o novo disco do Yo La Tengo : "Achei o disco muito variado, parece uma coletânea." Pois é, mal sabia ele que sua opinião cairia como uma luva para descrever o recém lançado I Am Not Afraid Of You And I Will Beat Your Ass. E duvido que ele um dia chegou a imaginar que este comentário encaixaria como uma meia na abertura de um post no Indigesto. Mais um que vai ficar famoso após ser citado no blog.

A variedade de sons e estilos neste último disco do Yo La Tengo só reforça a idéia que sempre tive de Ira, Georgia e James : são nerds musicais. Cada música do novo disco parece que foi retirada de um disco à parte, cada uma conta sua própria história e influência, sem deixarem de fazer parte do universo Yo La Tengo.

A influência do Velvet Underground continua firme e forte, assim como as microfonias e as experimentações; as pitadas de free jazz nas baladas pop com vocais sussurrados continuam marcando presença, tudo junto em envolventes melodias. Nada é igual, nada é descartável em I Am Not Afraid Of You.


O rock da banda e o horizonte musical que as envolve foi ampliado com o acréscimo de um novo estilo: a soul music, na faixa Mr.Tough. Em Daphnia, um instrumental de oito minutos que parece ter sido tirado de alguma trilha para se tocar em uma sala de espera acolhedora. A faixa de abertura, Pass The Hatchet, I Think I'm Goodkind, é puro Yo La Tengo: onze minutos do mesmo ritmo poderoso de baixo e bateria, onze minutos de uma viagem pelas distorções da guitarra de Ira. Em I Should Have Known Better a banda nos presenteia com um rock quase punk que lembra a banda X. Em Watch Out For Me Ronnie, o punk rock dos Ramones com pitadas de rockabilly de garagem é a bola da vez.

Para mim, como fã de Yo La Tengo, o álbum I Am Not Afraid Of You está próximo da perfeição. Nele os três conseguiram unir em 15 faixas todos os 22 anos de existência da banda. Conseguiram presentear o ouvinte fazendo uma homenagem a si próprios: uma coletânea de músicas inéditas. Talvez o Yo La Tengo seja a única banda capaz de algo assim, sem parecerem pretensiosos, sendo eles mesmos e lançando um dos melhores discos de sua carreira.

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:yo la tengo:
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Mr.Tough e o groove do yo la tengo ao vivo

5 de dezembro de 2006

Lolita Punk Rocker

Karen O já está fazendo escola. Começam a pipocar as crias da estridente vocalista da ótima banda Yeah Yeah Yeahs. Jemina Pearl, da banda americana Be Your Own PET, é uma destas crias. O disco homônimo de estréia do Be Your Own PET é um dos discos mais bacanas de punk rock de garagem lançado nos últimos anos.

Sim, porque os roqueiros, tanto os moleques como os dinossauros, estão com dificuldade de fazer seus discos parecerem discos de rock. Para se fazer um disco que transborde rock'n'roll é preciso energia e vontade, mais do que uma produção limpa e pomposa. E com o avanço da tecnologia é mais fácil fazer um disco limpinho, com uma produção caprichada. E já que é fácil lançar um disco que agrade palmeirenses e corinthianos, acabam esquecendo de mostrar o verdadeiro sentido do rock, que é ficar exausto e respingar o suor das gravações nas caixas de som.

Be Your Own PET é justamente o que se procura em um disco de rock'n'roll: a produção é o menos importante. Quatro adolescentes - três caras (quem se importa?) e Jemina Pearl - arrebentam um som cru e honesto que sai com aquela sensação de que o negócio foi gravado ao vivo, sem cortes e interrupções. Um disco de 15 faixas, que dura não mais que 33 minutos, que sangram uma nas outras.

De porrada em porrada, acompanhamos a guitarra estridente e o nervosismo do baixo e da bateria do Be Your Own PET. E logo percebemos que quem comanda tudo é a garota de 17 anos Jemina Pearl, com sua poderosa voz e a suas letras que transbordam sexualidade e diversão - Fuuuuuun é o nome de uma das faixas - em uma mistura divertida de riot-girl adolescente com uma já madura e esperta sensibilidade feminina. Tudo o que queremos ouvir de uma lolita punk rocker.
E ai, vai encarar?

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:be your own pet:
:myspace:
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tocando ao vivo a faixa We Will Vacation, You Will Be My Parasole

4 de dezembro de 2006

Sinceridade Pop

Eu tenho que ser sincero antes de começar a escrever sobre o recente álbum da banda escocesa Belle & Sebastian, The Life Pursuit. Nunca me chamou muita atenção o que já escutei deles, seja vendo-os tocando ao vivo no Free Jazz, em 2001, seja ouvindo uma música ali e outra acolá pelos lugares e momentos da vida.

Até aparecer uma daquelas pessoas especiais com o The Life Pursuit. O disco me foi entregue junto com outros discos de Stan Getz e o do The Commitments, sem eu ter comentado se gostava ou não da Belle ou do Sebastian. Era uma mistura interessante de sentimentos: o disco alegre e direto do pop rock do Belle & Sebastian no meio de um vendaval de improvisos e caminhos variados do elaborado sax de Stan Getz. Sons e sentimentos mais ou menos relacionados com o que eu estava passando na época.

Navegando em um site de música gringa, acabei lendo o seguinte comentário feito por um destes gringos anônimos que habitam a internet: o The Life Pursuit é uma mistura de Morrissey com o pop rock dos anos 60 da banda The Monkees. E o gringo tinha razão. Na grudenta Another Sunny Day é possível perceber a simplicidade pop melancólica dos Smiths junto com a alegria pop saltitante dos Monkees.

Associar a ótima The Blues Are Still Blue com o delicioso glam rock de Marc Bolan e o seu T-Rex é garantia de sorrisos. Ao escutar Sukie In The Graveyard notasse a influência de um David Bowie que poderia estar cantando uma alegre melodia glam sobre uma garota que para se ver livre dos problemas, entre outras coisas, adora passear no cemitério. É agradável escutar estilos diferentes em um mesmo disco, ainda mais quando tudo se encaixa em melodias tão fáceis de se escutar. E estas melodias funcionam muito bem por todo o The Life Pursuit, até mesmo quando a banda experimenta um tranquilo soul na faixa Song For Sunshine.

Eu não imaginava que fosse mudar tão cedo de opinião sobre o Belle & Sebastian, mas com o The Life Pursuit eles conseguiram, graças ao pop sincero e as diversas e ótimas influências que a banda soube diluir tão bem ao seu som.

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:belle & sebastian:
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video clipe de The Blues Are Still Blue

18 de novembro de 2006

I´ve never seen a show like that before...

Then again the same old story
World will travel, oh so quickly
Travel first and lean towards this time.
Oh, I'll break them down, no mercy shown
Heaven knows, it's got to be this time
Watching her, these things she said
The times she cried, too frail to wake this time


Depois de 11 anos indo a shows, acreditei por um tempo que a ansiedade se tornaria coisa do passado já que a prática, teoricamente, acaba com a surpresa. Ainda bem que a gente se engana.

Há alguns meses eu disse que todas as minhas segundas-feiras seriam azuis até 14/11, dia da segunda apresentação do New Order, em São Paulo. Mal sabia eu que não só as segundas-feiras como os dias e noites se tornariam azulados e multicoloridos depois do show.

Ontem, durante quase duas horas me tornei uma adolescente ansiosa e emocionada como nunca acreditei ser possível. Se ano passado, tive a melhor surpresa em relação a shows com o Flaming Lips, ontem a

superação completa de qualquer expectativa aconteceu.

Junto a mais ou menos 6.000 pessoas, vi a banda que um dia compôs o Joy Division começar o show - que seria uma festa perfeita - com Crystal, que viria acompanhada de Regret - cuja letra já decorou uma das paredes do meu quarto - e mais tarde de Ceremony. Com esta seqüência foi impossível não se emocionar.E era apenas o começo...

Ao lado das caixas, do lado direito do palco do Via Funchal era possível ter uma boa visão do divertido Peter Hook que falava com as pessoas, sorria, cantava, fazia poses para as câmeras- e isso não é exagero das matérias veiculadas pelos meios de comunicação.

O aparentemente tímido Bernard Summer estava empolgado: cantava com gosto, falava com o público, dava uns gritos ? que às vezes eu não acreditava muito que viessem dele - e até dançou durante Bizarre Love Triangle quando estava livre da guitarra.

O discreto Stephen Morris fazia um trabalho quase matemático na sua bateria parte acústica, parte eletrônica. Perfeito!

Como se tudo isso fosse pouco Transmission veio como um tapa na orelha: seco, direto e inesquecível. Além dela e Ceremony, outros Joy Division ainda seriam ouvidos.

O público não estava unido ali apenas pela paixão por New Order e Joy Division, mas também por cantarem quase todas as canções, inclusive as novas como Waiting for the Sirens Call e a ótima Krafty.

Em algum momento, surgiu These Days. Outro Joy Division! Estava quase pedindo para me beliscarem para ter certeza de que aquilo era verdade.


A discoteca estava prestes a começar com as primeiras batidas de True Faith. Na seqüência, mais ou menos nessa ordem vieram Bizarre Love Triangle, a linda Temptation, Perfect Kiss que se transformaria na inesquecível, Blue Monday para matar a galera de dançar. Exagero de hits? Sim, mas era um show para fãs e todos ali queriam cantar junto com a banda e dançar até ficar exausto.

Paradinha. O primeiro bis vem com mais uma emoção forte: Atmosphere! Não esperava essa. Paralisei, sem acreditar no que via e ouvia. As luzes coloridas que giravam lentamente no ritmo das notas da canção, o público, a banda criaram a atmosfera mais emotiva que já vi num show. Nesse clima, impossível não sentir falta do vocal marcante de Ian Curtis e porque não de sua presença -por mais viajante que isso possa paracer. Se há alguma magia no mundo com certeza ela esteve por ali.

Ainda meio sem acreditar no que tinha ouvido, vi o New Order subir pela segunda vez ao palco para se despedir com Love will tear us apart.

Era o fim do melhor show que eu tive a sorte de ver. Não sei se haverá outro que consiga tomar este posto. A minha trilha sonora mental ainda está tomada por versos assim:

Oh, you´ve got green eyes/
Oh,you´ve got blue eyes/
Oh, you´ve got gray eyes/
And I´ve never seen anyone quite like you before...


E eu estou completamente atordoada, ainda.


PS:Tenho certeza que este foi o post mais deslumbrado que já coloquei aqui.Mas sei que outros como eu estão igualmente bobos. Na saída do show encontrei uma moça que conheci no dia que comprei os ingressos e ela me disse "valeu a pena cada gota de suor derramada". E eu completo: não só o suor, como a grana, o tempo, o cansaço e a recusa de algum convite para um bate volta até a praia no feriado do dia 15 valeram e valeriam novamente.

7 de novembro de 2006

Os anos 80 de Grant Lee-Phillips

Fui apresentado ao som folk do californiano Grant-Lee Phillips graças a dica dada pela minha amiga Cátia, deste mesmo blog. Ela adora o som do cara, portanto nada mais justo que ela mesma escrever sobre Grant. Acontece que Nineteeneighties, o último disco de Grant, lançado neste ano e ainda inédito no Brasil, é, para mim, um dos melhores discos de 2006. Então, Cátia, vou passar na sua frente e escrever sobre o cara, tudo bem?

Grant-Lee Phillips apareceu nos anos 90 com sua banda Grant Lee Buffalo e, se você fizer um esforço, vai lembrar do ótimo disco de 1993, Fuzzy, e o hit de mesmo nome que tocava nas rádios rock da época e onde - incrível imaginar hoje em dia - a MTV passava o clipe em sua programação diária.

No final da década de 90, Grant Lee deixa o Buffalo de lado e sai em carreira solo. Nineteeneighties é o quarto desta carreira solo e é o mais inusitado. Ele deixa de lado suas ótimas composições próprias e lança um disco apenas de covers de bandas vindas dos anos 80 que, segundo o próprio Grant, faziam parte de seu K7 oficial. Que saudade dos K7... Lembra quando gravávamos fitas com nossas músicas preferidas e saíamos ouvindo no walkman?

Acreditar na música de Grant Lee Phillips é muito fácil, é o tipo de artista que transmite sinceridade e honestidade na forma que canta e toca sua folk music. Sua voz é linda, não ouso nem querer comparar com nenhum cantor do passado, seria um pecado.

Nineteeneighties (um desafio: tente escrever bem rápido este nome!) me surpreendeu. Em vez de escolher covers obscuras que ninguém conheçe, como muitos artistas gostam de fazer quando decidem gravar uma cover, Grant foi sincero até o osso. Mesmo porque seria impossível negar a influência no rock de hoje de músicas como Killing Moon do Echo and The Bunnymen; So. Central Rain (I'm Sorry) do REM; The Eternal do Joy Division e Age Of Consent do segundo disco do New Order; Boys Don't Cry do The Cure e a seminal Last Night I Dreamt That Somebody Loved Me do The Smiths.

Claro que o fato de eu ter crescido escutando algumas das bandas que Grant toca no disco me ajuda a gostar ainda mais de Nineteeneighties. As minhas preferidas : The Eternal do Joy Division, Killing Moon do Echo, Wave Of Mutilation do Pixies e City Of Refugee do Nick Cave. The Eternal é a mais melancólica de todo o disco, mantém o clima da original em um folk com violão e gaita, quase sentindo um Grant encarnando Ian Curtis; Com a belíssima Killing Moon, Grant me fez gostar mais de Echo, mesmo sem escutá-los muito; Em Wave of Mutilation ele conseguiu transformar uma de minhas preferidas do Pixies em um agradável folk hawaiano; Em City Of Refugee, Grant consegue dar uma acalmada em Nick Cave mas não consegue deixar de lado um inquieto violão para nos guiar : You Better Run, You Better Run To the City of The Refugee.

Um disco que resgata músicas influentes da genial safra dos anos 80, todas agora pertencentes à Grant-Lee Phillips e a sua voz, ao seu violão e ao seu disco: acústico, pessoal e sem perder um pingo da alma e identidade original. 11 faixas e 44 minutos de uma bela declaração de amor ao passado.
E aí, Cátia, gostou de Nineteeneighties?

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:grant lee-phillips:
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tocando ao vivo Age Of Consent do New Order

28 de outubro de 2006

Great Balls Of Fire !

eContinuando a campanha de divulgação dos melhores álbuns de 2006, este é um daqueles cujas faixas não tocarão em nenhuma rádio e muito menos em pistas de dança. Os sites descolados de música moderna não vão fazer review e divulgação, como já constatei por aí, mesmo sendo um álbum obrigatório de purificação e iluminação de muitas almas perdidas : Jerry Lee Lewis, minha gente, "The Killer" em pessoa, com seus 71 anos, lança esta preciosidade chamada Last Man Standing. The Killer nos presenteia 21 clássicos que vão do rock and roll ao country ao blues e de volta ao rock and roll, com convidados mais do que especiais o acompanhando em cada faixa. Logo na primeira escutada foi fácil escolher algumas faixas preferidas, e elas imploram para serem divulgadas. Coitadas, mal sabem que eu faria qualquer coisa por elas.

A faixa que abre o disco, Rock And Roll, com Jimmy Page na guitarra é para mostrar logo de cara o que significa este disco. Nada mais que um dia na vida de Jerry Lee Lewis, sentado ao seu piano, tocando descompromissadamente à espera de alguns amigos e convidados. Eles vão chegando, dizem "Hey Jerry, vamos tocar aquela?". Tocam, se divertem a valer, dizem um "Hey Jerry, preciso ir andando, até a próxima". A porta se abre e o próximo camarada já chega sabendo o que é preciso fazer.

Uma das próximas faixas que me arrebatou foi Evening Grown, com Mick Jagger e Ron Wood. Jerry e Mick intercalam seus vocais de forma descontraída e divertida.
Que delícia é ouvi-los cantando While I'm waiting for your blonde hair to turn grey...

É algo que se nota em muitas faixas, Jerry brincando com seus convidados. É um menino, é um dos Pais, mostrando como se deve fazer um disco com clássicos do rock, do country e blues, sem exageros, simples, exatamente como as músicas originais vieram ao mundo.

O blues de You Don't Have To Go, com Neil Young, é memorável. Jerry, o seu incendiário piano, Neil, e sua estridente guitarra. Quem é o próximo, por favor, isto aqui está bom demais.

Em Sweet Little Sixteen, de Chuck Berry, outro Paizão do Rock, Jerry tem como convidado Ringo Starr. Sempre fui fã da voz de Ringo e aqui ele se junta a Jerry e me faz sorrir de orelha a orelha.

Para finalizar logo essa história de algumas de minhas favoritas, que tal escutar o blues Trouble in Mind com o piano de Jerry e a guitarra de Eric Clapton? Aqui a coisa não só funciona, como emociona.


Um disco sem frescuras, produzido na medida, tocado com paixão, longe de ser perfeito, graças aos céus, isto é Rock'n'Roll. Last Man Standing, de 2006, um disco de um dos caras que ajudou a montar todas as bases do que escutamos hoje, exatos cinquenta anos depois de lançar seu primeiro single, Crazy Arms/End Of The Road, de 1956.
Yeah, come on baby, whole lotta shakin' goin' on.
Botando pra quebrar, literalmente.

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:jerry lee lewis:
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tocando
You Don't Have To Go de Muddy Waters ao lado de Neil Young no David Letterman

25 de outubro de 2006

Premonições do Tim Festival 2006

O Tim Festival 2006 em São Paulo com as grandes atrações mudou de lugar (graças aos céus!): do Anhembi, que comporta 20.000 pessoas em céu aberto, foi para o Tom Brasil Nações Unidas que comporta 4.000 felizardos em lugar fechado, e vai rolar neste domingo, dia 29, dia de Eleição. Recomendo acordar cedinho, de preferência de ressaca, ir na seção votar qualquer coisa, seja lá qual a coisa de sua preferência, chegar em casa, voltar a dormir, acordar lá pela tarde e sair para o show.
Provavelmente é o que irei fazer no domingo, antes do show.
E aproveitando que estou nessa onda de premonição, muito provavelmente por causa do café com gosto estranho que acabei de tomar, vou tentar prever o que vai acontecer DURANTE o festival. Acho que vai ser mais ou menos assim que as coisas vão se desenrolar para mim e alguns amigos:

No carro, antes de chegar ao local do show:
- Ainda bem que o show não vai ser mais no Anhembi, estou tão feliz.
- É, lugar fechado, 4.000 pessoas... Comparado ao Anhembi...
- Anhembi é uma BOSTA !
- É.
- Tv On The Radio é pra tocar em lugar pequeno, seria um desperdício.
- Meu, eu tinha o ingresso para ver eles na choperia do Sesc Pompéia no ano passado e...
- Ah não! De novo ?! Você já contou essa história umas doze vezes....
- E o pai de um deles morreu e...
- ...doze vezes só hoje !

Já perto da entrada, à procura de MUITA cerveja ou algo que faça com que pessoas de 30 consigam aturar festivais de grande porte até o final:
- Será que já estão vendendo bebidas?
- A lei seca vai até que horas?
- Acho que até as cinco.
- De domingo?
- Depois das cinco tá tudo liberado.
- De domingo?
- Das 8h até as cinco da tarde.
- De domingo?
- Não, cinco para às nove da noite de quinta do mês que vem. Claro que é de domingo, PORRA !
- Olha! Uma tiazinha ali com um carrinho vendendo latinhas imundas de CRISTAL !
- Cristal ?!
- Tia, quanto é a latinha ?
- R$ 43.
- CARALHO !
- Que caro !
- É a Lei Seca, meu filho.
- Sabia que na época da Lei Seca, em Chicago, na década de 30, eles faziam uísques na banheira ?
- Eca, imagina então onde essa cerveja foi feita.

Dentro, já assistindo o Mombojó, a eclética banda de Recife:
- Legal o som deles.
- Fiz a maior confusão, imaginava que era uma banda de duas pessoas mas olha só...
- São: uma, duas... quatro, cinco...
- Bastante gente.
- São de Recife, muita coisa boa sai de lá. O Mangue Beat...
- E eles são bem novinhos.
- Parece que no site deles tem todas as músicas do primeiro disco pra abaixar.
- Massa !

Após o ótimo show do Mombojó, entra os novaiorquinos do Tv On The Radio:
- Puta MERDA, isso é muito bom !
- E eu nem tô bêbado pra curtir direito.
- Esse é um som bem diferente, tem tanta coisa junta, e não dá pra definir...
- É bem atmosférico.
- Atmosférico foi boa.
- Valeu.
- Tem um lance meio eletrônico também, mas sem exageros, na medida certa.
- Boa, sem exageros foi boa.
- Valeu.
- Puta MERDA, o último disco deles é muito bom !
- O primeiro deles também...
- Mas o último ficou mais acessível, não sei dizer, tem mais... gingado.
- Gingado foi péssima.
- Valeu.

O inesquecível show do Tv on The Radio dá lugar ao show da dupla do Thievery Corporation:
- É um som gostoso de ouvir, meio trip hop.
- É mesmo, pensei que era um negócio mais agitado, meio techno.
- Mas não é. Eles misturam umas coisas de outras bandas, samples, com coisas deles.
- Eles fazem remixes, são DJ's.
- Mas tem uns riffs meio acid jazz.
- Não sabia que você conhecia acid jazz. E que sabia falar riff.
- Cala a boca e dá um gole dessa cerveja.

Sai o Thievery Corporation, que dá lugar ao Yeah Yeah Yeahs de Karen O:
- Essa mina tem uma cara estranha.
- Olha a roupa dela, parece a Siouxsie.
- No último disco tem uma música que lembra Strokes.
- Quê? Cala a boca...
- O disco novo é mais ameno, menos cru que o primeiro.
- Cu ?
- Cru! De Crueza !
- Cu de framboeza ?
- No primeiro disco ela grita demais. No último disco ela canta.
- Cantando ou não, o show tá bom. Toda a banda tá se entregando.
- Rock'n'Roll ! Finalmente !
- Essa é do disco novo, eu acho.
- Rock'n'Roll ! YEAH !

Sai o rock do Yeah Yeah Yeahs e entra o techno dos parisienses do Daft Punk :
- U-hu! U-hu! Amo-os !
- Eu não sei o que esperar.
- Você não gosta ?
- Fui eu quem gritou "Rock'n'Roll ! YEAH !", você acha mesmo que eu iria gostar de techno ?
- Mas não é só isso. Tem rock, tem hip hop, tem house, tem...
- Rock? Onde? Se bem que o visual está legal, e o som também.
- Eles também são DJ's, pegam samples e misturam tudo, só que com essa batida TUM-TICH TUM-TICH TUM-TICH.
- Cala a boca! E me deixa dançar.

É, acho que entre altos e baixos, o Tim Festival deste domingo vai ser bem bacana.
Nos vemos lá!
E vote consciente.

Links:
site do Tim Festival 2006
Links das bandas:
site oficial do Daft Punk
site oficial do Mombojó
site oficial do Thievery Corporation
site oficial do TV On The Radio
site oficial do Yeah Yeah Yeahs

23 de outubro de 2006

Grandaddy e o Meu Provável Disco do Ano

Clic... Clic...

É o que se escuta no início de uma das músicas mais saborosas que já degustei. Now It's On é o nome da iguaria, ela é o prato de entrada do recheado álbum de 2003, Sumday, servido pelos chefs do Grandaddy, da modesta cidade de Modesto, Califórnia.

Algumas canções da banda, formada em 1992, colocam aquele sabor que falta a todos nós que sabemos a enorme diferença que existe em querer estar sozinho e se sentir solitário: se você gosta de relaxar, deitado ou dirigindo, de andar sem companhia, de olhar pela janela do ônibus e acompanhar a vida de todas aquelas pessoas passando numa velocidade qualquer, Grandaddy tem as canções com o tempero certo. Acho que é para isso que serve as bandas que tocam o denominado rock-folk espacial, e que cantam histórias sobre robôs melancólicos trabalhando numa noite escura em uma fábrica qualquer e sobre namoradas controladas por uma conservadora família.

Melodias fáceis de escutar e altamente assobiáveis: Doo Doo Doo Dit Doo é como a voz quase sussurrada de Jason Lytle inicia a canção The Group Who Couldn't Say, do álbum Sumday.

Infelizmente, para mim e tantos malucos que estão tentando entender o que estou escrevendo, o Grandaddy soltou, neste ano de 2006, seu canto do cisne. Chama-se Just Like The Fambly Cat, lançado em julho no Brasil pela Sum Records, e está alguns pontos de vantagem na frente dos concorrentes como melhor disco do ano. Canções como Jeez Louise, Summer... It's Gonne e Elevate Myself vão demorar para sair de meu cérebro, já que foram gravadas à ferro e fogo, sem dor alguma.

Mia Mia Mia Miau cantarola a voz tranquila de Jason Lytle em Where I'm Anymore.

Pode-se dizer que algumas das razões da banda resolver terminar foi o fato de que seus integrantes, avessos à mídia e em se expor, não estavam mais com o mesmo tesão de excursionar, a grana não entrando e suas músicas não tocando nos rádios não compensavam todo o stress. Simples assim.

I'll Never Return, nos diz Jason Lytle, numa voz quase apagada, na última canção do seu último disco com o Grandaddy.

Melhor assim, quem sabe, depois de um tempo com a banda já terminada, são descobertos e resolvem retornar em uma turnê caça-níquel que inclua o Brasil.
Seria perfeito!

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:grandaddy:
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video clipe de Elevate Myself

17 de outubro de 2006

Vamos Cantar : Plugin de Letras de Música

Escutando sua música favorita no computador, você sente uma vontade louca de cantá-la junto com aquele cantorzinho inglês cheio de sotaque. Em vez de você sair à procura da letra da música pela internet, que tal se a própria aparecesse no seu player favorito, sem nenhum esforço?
Bem bacana, hein?


Já é possível acabar com este trabalho chato de ir atrás das letras pela internet. Se você usa o Winamp ou o Windows Media Player para escutar sua músicas no computador, já existe um plugin gratuito que vai facilitar muito a sua nova vida de cantor: o Lyrics Plugin.

Lyrics PluginFácil de baixar e instalar, este pequeno programa mostra em instantes a letra da música que você está ouvindo, direto no player. Você vai precisar estar conectado na internet para que o plugin possa achar a letra da música que estiver tocando. Existe um menu de opções, logo abaixo da letra, onde é possível editá-la e configurar cores de fundo e de fonte. Caso a letra da música não estiver disponível, você mesmo poderá procurá-la clicando em Search Google no menu de opções : ao achar a letra em algum site, é só copiá-la, voltar para o menu de opções e clicar em Edit. Uma janela irá abrir para que você cole a letra copiada. Clique em Save Changes e... voila!

Estou usando o plugin para o Windows Media Player e por enquanto está tudo funcionando muito bem. Se alguém resolver instalar e estiver tendo problemas, dê um grito! Ou use o comentário para tentarmos resolver o problema... cantando!

Link:
Lyrics Plugin

10 de outubro de 2006

E viva as Blondes !

Chega a ser deprimente a maneira como os pais deste filho pródigo se comportam, se ausentam. Eles fingem preocupação, dizem que vão voltar um dia, que já estão preparando o leitinho com nescau mas demoram dias para colocar a mamadeira na panelinha com água quente. É um desastre, repito, um descabimento.
Enfim, um dos papais está de volta com um restinho de nescau na mamadeira já meio morna, trazendo mais uma dica musical para os nossos orfãos queridos.

Indies? Nós?Anotem o nome desta banda inglesa que está prestes a estourar: The Long Blondes.

As três garotas e os dois rapazes que formam a banda estão preparando o lançamento de seu disco de estréia, agora em Novembro, e não vai ser pouca coisa. Suas músicas, até então, podem ser escutadas em singles independentes lançados desde a formação da banda, lá longe, em 2005. Em 2006 assinaram com a Rough Trade Records, gravadora mãe da Inglaterra que pariu bandas seminais como The Fall e The Smiths e que apresentou ao mundo bandas queridinhas de hoje como The Strokes, Belle & Sebastian e The Libertines.

O Long Blondes acaba de lançar o single Once And Never Again, pela Rough Trade, preparando terreno para o álbum Someone To Drive You Home. O som das Long Blondes é feito para dançar e dançar e dançar. Já as letras são puro drama-de-saias, como diz a letra do single Weekend Without Make Up :
another weekend without makeup
another evening to myself
well, i guess that i won't be having the time of my life tonight
where do you go when you've finished work?
As letras melancólicas passam pela influência de bandas clássicas de garotas dos anos 60 como The Ronettes e The Shirelles. Já o som segue o rastro e a tendência de bandas como Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs, é aquela batida que todo mundo já conheçe, a new-wave com pitadinhas eletrônicas dançante temperadas com um gostoso punk rock, como era o Blondie no seu início, vocais a lá The Slits, uma linha de baixo post-punk e por ai vai.

Abaixe Weekend Without Make Up pelo Soulseek (existe outro programa pra abaixar mp3 que presta?) e se imagine dançando na pista. Depois pergunte ao DJ de sua balada se ele conheçe Long Blondes. Se ele não conheçer, pobre diabo, fale para ele parar de tocar Strokes e que comece a ler urgente o Indigesto.

Links :
The Long Blondes
Rough Trade Records
Soulseek
video clipe da faixa Weekend Without Makeup:

25 de agosto de 2006

Cadê o Beastie Boys?

Finalmente, o line up do Tim Festival edição 2006 saiu. O festival vai seguir a mesma linha adotada desde o ano passado:versão cheia no Rio de Janeiro, mini em São Paulo e mais duas em Vitória e Curitiba. Cada lugar terá cast de bandas diferentes.

No Rio,dia 27 de outubro o palco TIM STAGE recebe o Daft Punk e no TIM LAB tocam Céu, Amandou & Marian,Devendra Banhart. Já no dia 28, têm Mombojó,Patti Smith,Yeah Yeah Yeahs no TIM STAGE e Bonde do Rolê,TV on the Radio,Thievery Corporation no TIM LAB.

Em São Paulo, teremos dia 29 de outubro, no Anhembi, a partir das 18 horas:
Mombojó
TV On The Radio
Thievery Corporation
Yeah Yeah Yeahs
Daft Punk


Sinceramente,mal conheço as 5 bandas. Ainda em São Paulo, acontecerão outros shows no auditório Ibirapuera, são apresentações assim mais rebuscadas (acredito).

Em Vitória,nos dias 27,28 e 29 de outubro a maioria dos shows serão de jazz. E em Curitiba - seria para consolar os paraenses pelo cancelamento do finado Curitiba Rock Festival que antes mesmo de renascer como Sonora Festival morreu??- a Pedreira Paulo Leminski,dia 31 de outubro receberá bandas pop apenas:
Nação Zumbi
DJ Shadow
Patti Smith
Yeah, Yeah, Yeahs
Beastie Boys


A pergunta que não cala é:por que raios o Beastie Boys não está entre as apresentações de São Paulo? Será que paranaenses e cariocas - com todo respeito - curtem mais Beastie Boys do que paulistas metidos a besta como eu?
Saudades da segunda edição do Tim Festival que presenteou São Paulo com a versão integral do festival,no Jockey Club,em 2004:estrutura boa,line up completo, som perfeito.

28 de julho de 2006

Are you ready???

Popload: A Popload conseguiu arrancar na Inglaterra as datas dos três shows que o grande New Order vai fazer no Brasil. São duas apresentações em SP e uma no Rio. Anota aí:- 13 e 14 de novembro, no Via Funchal (ou Credicard Hall), em São Paulo- 16 de novembro, Fundição Progresso, no Rio de Janeiro

Eu: Só acredito quando os ingressos começarem a ser vendidos...

...E começaram,ontem, meio de sopetão.As apresentações, na Via Funchal,acontecerão mesmo nos dias 13 e 14 de novembro.É a primeira vez que vejo ingressos sendo vendidos com tanta antecedência,quase quatro meses. Será que nisso estamos nos aproximando dos europeus? - acho difícil.
Pelo que vi ontem, quem tiver a fim de ver este show é bom correr,pelo menos quem quiser garantir a meia entrada.A fila estava grande, andando à passos de tartaruga e crescendo o que não estava irritante pelas conversas com duas pessoas: uma japa divertida de pouco mais de 20 anos que viu o Radiohead, no Japão, e uma mulher de mais de 40 que já viu, entre outros, David Bowie no Parque Antártica,há mais ou menos 15 anos. Inclusive esta foi a fila para ingresso de show mais interessante que já vi: crianças acima de 25 anos para não dizer acima de 30,no geral, e uma boa parte engravatada ou munida de terninhos e escarpins.
Depois de 18 anos, desde a primeira vinda ao Brasil e da novela da negociação -que vem rolando há uns dois anos- sobre o retorno a um dos nossos festivais, finalmente, alguns matarão a saudade e outros a vontade de ver essa banda histórica remanescente de outra tão histórica quanto: o Joy Division.
O New Order fez com classe o casamento do rock com as batidas eletrônicas dançantes -que resultou em nove discos e duas coletâneas- contando-se, principalmente, do Power, Corruption & Lies quando cordão umbilical musical que o ligava ao Joy Division foi cortado. É desta época a clássica Blue Monday, o single mais vendido na Inglaterra até hoje.
Daí para frente vieram coisas ótimas como Low-life,Technique, Republic e o penúltimo e ótimo Get Ready que trouxe a banda devolta depois de um hiato de 8 anos.
Bom, agora é sério, a balela acabou: o ingresso está na minha frente e sim, o New Order vem tocar de verdade e isso é mais eficaz do que um beliscão! Daqui até 14 de novembro todas as minhas segundas-feiras serão azuis!

24 de julho de 2006

Eu, Você e Todos Nós

Eu Você e Todos Nós, o Poster!Um filme sobre a solidão está passando atualmente nos cinemas. Ele se chama Eu, Você e Todos Nós (Me and You and Everyone We Know). Solidão, Sexualidade, relacionamentos, curiosidades, manias, traumas e como tudo acaba se envolvendo.

Duas amigas adolescentes provocam e alimentam a fantasia sexual de um cara por volta de seus 30 anos. Um garoto de 14 anos conversa com uma desconhecida em um chat na internet sobre sexo enquanto o irmão de 6 anos observa, atento, aprendendo, também no anseio de participar. E participa. Um senhor descobre, depois de conviver a vida toda com uma mulher que não amava, quem é a mulher da sua vida: uma senhora doente, em seus últimos dias de vida. Uma artista plástica, com um machucado no pé causado pelos sapatos antigos, se apaixona por um vendedor de sapatos que lhe diz, enquanto lhe vende um novo par : "As pessoas pensam que dores no pé são um fato da vida, mas a vida é muito melhor que isso. (...) Sua vida pode ser bem melhor. Começando agora."

A atriz que interpreta a artista plástica é Miranda July, também diretora e escritora do filme, estreando no cinema. Miranda coloca pessoas que vivem em um mesmo bairro, em uma mesma comunidade, onde todas se conhecem e, ao mesmo tempo, todas são autênticas almas solitárias que desenvolvem manias estranhas, que tentam superar divórcios e ao mesmo tempo se dar bem com seus filhos, almas que tentam se relacionar de alguma forma, seja através da descoberta sexual de duas adolescentes, seja na curiosidade de um garoto de 6 anos, seja na forma de adiar o máximo possível a morte inevitável de um peixinho dourado. Algumas cenas podem fazer você rir ou ficar chocado, e quando você espera que já é o suficiente, Miranda chega às vias de fato, mas chega de uma forma sutil, sem exageros, com humor e melancolia.

A trilha sonora é ótima, uma mistura de lounge, um som eletrônico mais calmo, com um tempero folk. As músicas se encaixam muito bem nas cenas, sabem ser notadas. Mas a música que mais marcou foi a belíssima Any Way that You Want Me do Spiritualized, fazendo com que a cena fique ainda mais memorável.

19 de julho de 2006

Em Busca da Salvação : Sahara Hotnights

Garotas. Garotas que cantam. Garotas que cantam e tocam em uma banda de rock. Garotas que me faz acreditar que o rock'n'roll ainda tem salvação. Se for pra ter um homem em bandas de garotas, que seja lá atrás, tocando bateria, bem longe de meus olhos e de meus ouvidos. Ah, mas a banda sueca Sahara Hotnights não sofre deste mal.
Maria, Johanna, Jenne e Josephine. Quatro mulheres que mergulharam em minha corrente sanguínea no exato momento em que escutei a versão delas para a clássica Rockaway Beach dos Ramones, a primeira faixa do disco tributo The Song Ramones The Same - A Tribute to The Ramones, de 2002.

O último trabalho delas, Kiss & Tell, de 2004, é uma aula rara de como fazer rock'n'roll acessível e, ao mesmo tempo, verdadeiro, dançante e cativante. Essas meninas sabem muito bem misturar em seu próprio som algumas das bandas mais influentes da história, colocando em suas canções influências da parte boa da new wave (Blondie, claro), do punk rock dos Ramones (quem mais?) e pitadas do rock mais arrastado de Chrissie Hynde e seu Pretenders. São onze canções que terminam no tempo certo, sem exageros, na medida certa, como tem de ser.

Mas como tudo na vida, é sempre bom conhecer um pouco o passado das coisas. Antes de Kiss & Tell, a banda lançou C'mon Lets Pretend (1999) e Jennie Bomb (2001), dois discos mais pesados, menos grudentos que o Kiss & Tell, mas que já mostravam o que estava por vir. Os dois primeiros discos são altamente recomendados se você não consegue engolir essa história de rock'n'roll acessível.

Visitem o espaço das moças no MySpace. Elas estão próximas de lançar um novo disco e já é possível escutar a demo Salty Lips. A agitada Hot Night Crash eu sempre recomendo, já virou uma de minhas músicas favoritas de todos os tempos. E na bela Walk On The Wire é possível perceber como elas podem compor pop-rock sem perder o estilo.

17 de julho de 2006

Last.fm

Orkut fede, não presta para nada e você sabe muito bem disso.

O legal é se relacionar através da música. O fantástico é criar laços com pessoas de acordo com as afinidades musicais. O estupendo é descobrir que uma bela finlandesa que mora naquela parte gelada do planeta escuta as mesmas coisas que você. Antes que nossas hétero-leitoras reclamem, pensem um pouco como seria legal conhecer uma finlandesa bonitota, não seria o máximo do extremo cool?

Last.fm é o site onde é possível fazer tudo isso e muito mais. O Last.fm vai montar um perfil seu através das músicas que você escuta em seu micro. A única coisa chata que você precisa fazer, além de se registrar no site, é baixar um plug-in para o seu tocador favorito (WinAmp, Windows Media Player, etc), instalar e continuar escutando suas músicas. Agora é deixar o Last.fm fazer o resto, como por exemplo, dando dicas de artistas similares, criando uma "vizinhança" de pessoas que escutam a mesma coisa que você ou até montando toda uma estatística musical de artistas e canções escutadas por você.

Você pode montar uma rádio, adicionar rádios de outros usuários, criar grupos do seu artista favorito, se juntar a grupos, escrever um jornalzinho (espécie de blog) e por ai vai. Sem falar que ele é perfeito para o xereta que existe em você, afinal, é possível saber o que seus amigos andam escutando neste exato momento ou o que eles andaram escutando na noite do sábado passado em vez de irem para a balada.

Vou ser sincero, eu ainda estou engatinhando no Last.fm. Sou um zero a esquerda, só tenho UM DOIS amigos no Last.fm e ainda não encontrei aquela bela finlandesa que tanto procuro.
Mas não estou preocupado, graças a este post, nossos leitores queridos vão promover uma invasão no Last.fm e já ando vislumbrando o site dando prioridade aos brasileiros, exatamente como aconteceu com aquela porcaria do Orkut.

Meu perfil no Last.fm : Fedeba

Que começe a integração através da música!
Last.fm djá.

15 de julho de 2006

Turquoise Boy

Se Reena, a música que abre o novo disco do Sonic Youth, não se transformar em hit em qualquer parada indie-pop-rock, eu paro de escrever nessa joça. Rather Ripped é um dos discos mais populares que a trupe do Sonic seria capaz de conceber. O que isto significa? Para mim, significa que a banda sentiu saudade de seus (meus preferidos) discos mais simples, mas não menos climáticos, apenas mais diretos e crus - e moldados em canções mais acessíveis, como o Sister, Daydream Nation, Goo e Dirty. As melodias com guitarras que essa banda consegue compor são as mais belas que já escutei. Sim, meus amigos, adoro pop, adoro melodias, adoro ouvir Sonic Youth no rádio e ligar no Disk MTV para que eles apareçam no Top 10.

Esqueça um pouco os últimos dez anos de trabalho do Sonic Youth onde eles estavam voltados para suas raízes experimentais. Você não vai encontrar nada disto em Rather Ripped. Aqui você irá encontrar o início dos 90, quando Goo foi lançado, quando o Nirvana estava para surgir para o mundo, quando muitos de nós (100% de nós?) assistiu e escutou Sonic Youth pela primeira vez em um clipe na MTV.

Posso estar viajando um pouco, mas pelo menos estou viajando escutando a Kim Gordon sussurrando em meu ouvido Turquoise boy, I must confess to you, sweet liberation has come, You are a legend in a lovely game, but now I feel I must run.

14 de julho de 2006

A Dica do Dia : Peter & Trent

Ah, se não fosse nossos leitores, essas pessoas informadíssimas que nos acompanham por todos os lados, nos mandando email, cartas, postais, roupas íntimas e, de vez em quando, alguns comentários.

Este post-dica só existe por causa de uma de nossas leitoras assíduas que é, por pura coincidencia, a vencedora da promoção Camiseta Indigesto - Isso sim é moda, SP Fashion Week de c* é rola.

A nossa querida leitora nos enviou uma dica de vídeos musicais para download que é pra deixar o fã de Peter Murphy de joelhos, o fã de NIN de pêlos arrepiados e o fã da estupenda banda Tv On The Radio de pernas bambas.

O sempre boa praça Trent Reznor, cabeça do NIN, está disponibilizando em seu site (isso mesmo, pode clicar na palavra site) vídeos de atuais encontros de sua banda com Peter Murphy, o intrépido vocalista do Bauhaus. Em um destes encontros, uma espécie de show privativo a céu aberto para poucos privilegiados, Trent e Peter se juntam ao Tv On The Radio numa jam session onde tocam Bela Lugosi's Dead do Bauhaus, Dreams do Tv On The Radio e Final Solution do Pere Ubu. Dreams é a música com o clima perfeito pra essa parte do mini-show, uma aula de clima e espontaneidade e rock'n'roll.

A outra parte de vídeo disponíveis para o download é também um pocket-show para alguns felizardos, mas desta vez em ambiente fechado, em uma espécie de estúdio improvisado, onde Peter Murphy e Trent Reznor e mais alguns amigos improvisam Nightclubbing do Iggy Pop, Reptile do NIN, Warm Leatherette do The Normals e Strange Kind Of Love do Peter Murphy. Eu destaco a canção do Iggy, maravilhosamente cantada por Peter.

Após puxar os vídeos e vê-los exaustivamente, é dolorido ter de esperar que o Show 04 esteja disponível, onde Peter e o NIN tocam suas versões de músicas do Joy Division.

3 de julho de 2006

Sete anos sem Sandman

Early to bed and early to rise,
makes a man or woman miss out on the night life

...Early to bed so you can wait
For three buses a trolley and a train
I think it's worth it for you to stay awake
Maybe tomorrow you'll be a little late
Early to bed -Like Swimming

I hear a voice from the back of the room
I hear a voice cry out you want something good
Well come on a little closer let me see your face
Buena - Cure for Pain



Há mais ou menos 9 anos,na casa de uma amiga eu ouvi os últimos versos da epígrafe acima pela primeira vez. O dia ensolarado e quente contrastava com o som denso, boêmio, melancólico traduzido em notas graves de baixo - que só mais tarde soube que era de duas cordas- sax e bateria, o som mais agudo de qualquer música do Morphine.
A música era Buena, o disco Cure for pain e a banda era composta por Mark Sandman (baixo/vocal), Dana Colley (sax) e Billy Conway(bateria). A ausência de guitarras me chamou atenção.O som me lembrava um jazz,mas com pegada rock'n roll.Pouco tempo depois fui surpreendida assistindo o Lado B,finado programa transmitido pela MTV,por Buena, novamente.Ainda não estávamos na época áurea de napster e audiogalaxy,isso veio um pouco depois. Só sei que cada vez que ouvia a banda no Lado B ou neste CD na casa da minha amiga mais interessada eu ficava.
Um dia nas minhas raras compras de CD na galeria do rock,entrei numa loja para comprar Odelay,do amalucado Beck.Enquanto estava guardando o CD e indo embora vi,na prateleira,aquela capa com um céu de nuvens meio roxas,imponente,com um nome de droga que alivia dores que nenhum analgésico consegue mais dar conta:MORPHINE. esitei por causa dos escassos trocados, mas levei a bolachinha para casa e a escutei muito.
Tempos depois, vi um clipe novo e sinistro na MTV:um totén com o rosto de três homens,em preto e branco e criancinhas com caras assustadas olhavam a imagem enquanto os versos de Early to bed eram quase falados,a música era do então último disco da banda Like Swimming. Mais uma vez estava surpresa em ouvir de uma banda que eu nem conhecia muito outra música realmente boa e que eu queria conhecer mais.
Cheguei a ler tempos depois que eles fizeram um show na Argentina e claro,não passaram por aqui.Isso seria remediado em 1999,já que os produtores do Free Jazz tinham intenção de fazer Mark Sandman matar as saudades do país que o acolheu durante um ano, o que não chegou a rolar não por falta de iniciativa de produtores ou falta de grana,mas porque ele se despediu da vida,durante um show,na Itália,no dia 3 de julho do mesmo ano. Quer morte mais romântica? Nada de overdose, nada de suicídio,apenas uma parada cardíaca durante um show.
A sua história de morte,aparentemente,é mais conhecida do que sua vida :o cara era boêmio -Early to bed não parecia um texto fictício, podia até ser autobiográfico- foi taxista, em Cambridge, sua cidade natal,trabalhava a noite, é claro. Trabalhou num barco de pesca, no Alaska. Morou em Santa Tereza,Rio de Janeiro, por um ano e parece que falava bem português. Classificava o Morphine como low rock e como uma banda de boteco,chegaram a tocar em bares pequenos 7 dias por semana. Mas públicos maiores como as 200 mil pessoas, no festival de Glastonburry, 1998, também tiveram a sorte de vê-los.
Sandman, o homem de voz grave que teve a idéia de tocar um baixo com apenas duas cordas,que fazia músicas boêmias e com histórias humanas era botequeiro, gostava dos escritores da geração beat morreu fazendo o que gostava. Infelizmente, não teve a sorte de matar as saudades do Brasil e de nos dar o prazer de ver sua banda tocar ao vivo... Este, com certeza,era um cara do rock and roll com quem eu gostaria de ter trocado uma idéia. Valeu, Mark Senhor dos Sonhos Sandman!

Discos que valem muito a pena serem ouvidos:
Cure for Pain
Yes
Like Swimming
The Night

30 de junho de 2006

Julho:aniversário do Indigesto

No mês de julho,mais conhecido como a partir de amanhã, o Indigesto faz um ano de vida,que coisa fofa! Como os editores são todos sem noção, nem ao menos se conhecem pessoalmente, abandonam o blog por mais de um mês assim... Sem novidades, nem uma foto,nem uma piadinha infame,nada...Eu como a representante feminina do trio pelo menos, neste mês, me encarregarei de mudar um pouco esta história:no mínimo um post por semana.Pode ser que apareçam 2 ou 3 posts numa semana e nada na seguinte, mas o mês não passará em branco.Isto é apenas um teaser do que está para aparecer nesse blog, abandonado, empoeirado e cheio de teias de aranha (o clipe de Lullaby do Cure perde de longe na quantidade de teias). Já que fui completamente ignorada pelos meus companheiros indigestos começo sozinha para ver se eles se animam.

Começando a brincadeira... hoje enquanto vinha para o trabalho comecei a pensar que a vida sem música fica cinza. Por experiência própria digo que quando eu ouvia música todo dia eu era mais feliz.A minha relação com música tem sido olhar meus CDs e ouvir algum pela metade,nunca pensei que chegaria a este ponto.No trabalho a situação é desastrosa tenho de ouvir os ruídos que vem da sala ao lado da que trabalho que são puro, puro jabá. A galera escuta uma rádio que não faço questão de saber qual é,mas já notei que todo dia, nos mesmos horários tocam as mesmas músicas- se é que dá para chamar aquilo de música- ...quando Deus te desenhou..., não sei o que lá você chora... Sem falar no ecletismo do dono da empresa que pira ouvindo samba- às vezes o mesmo CD a semana inteira- salsa, jazz e até Jimi Hendrix e U2 já invadiram o ambiente. Não sei o que é pior ouvir isso ou ouvir nada.
Há uns bons meses atrás eu era torturada por Take on me do A-HA que chegou a tocar durante 3 horas,ininterruptas no trabalho e a simpatia pela musiquinha da minha pré-adolescência foi para o saco! Isso acontecia porque uns engenheiros malucos faziam testes em aparelhos de som então colocavam um CD com uma música no repeat.
Lá pelas 5 horas da tarde um senhor,que trabalhava no mesmo departamento, ouvia quase que religiosamente Dancing Queen do ABBA.
Apesar disso, era divertido porque existia um rádio que era para trabalho, mas claro que era usado a maior parte do dia para ouvir alguma emissora possível de se escutar como a Kiss e a Eldorado FM. Agora tudo o que tenho são as músicas esdrúxulas dos outros e um computador que não tem saída de áudio, que lástima! Estou sonhando com meu MP3 player.


Dia 3 de julho tem homenagem a Mark Sandman.

18 de maio de 2006

Atrasado,mas ainda vivo:Echo and the Bunnymen em SP


Don´t forget the songs that made you cry,and the songs that saved your life
Rubber Ring- The Smiths


Última parada: Echo and the Bunnymen,no Credicard Hall.Atraso de 40 minutos, gente perdida, estranha, aventureira,fã,tiozões e tiazinhas,crianças com menos de 20 anos. Todos num Credicard Hall com pista reduzida e a melhor acústica que pude presenciar nesses últimos 6 anos de shows vistos na casa.
Sim,a pista estava reduzida.Nunca o Credicard ficou tão pequeno,o camarote cresceu. Uma galera que tinha comprado ingresso para as cadeiras superiores para o show cancelado,em março, foi transferida para a pista:negócio da China!
Eu estava completamente sem expectativas. Já tinha visto um show do Echo, no mesmo lugar há 3 anos,da turnê do CD What are you going to do with your life?, só que das cadeiras superiores onde tudo e todos ficam parecendo miniaturas da Lego ou Playmobil ou qualquer miniatura bonitinha.
A falta de expectativa foi substituída mais tarde por uma surpresa muito boa.
Pense num palco simples.Esse era o palco do Echo,sem firula,via-se o pedestal de Mr.Ian McCulloch,a bateria ao fundo,lateral esquerda espaço para o discreto-só na forma de ser portar no placo- Will Seargent, do mesmo lado estava o teclado,do outro lado,espaço para o baixista.Mais nada.
Eram 9:45 a casa ainda estava meio vazia.Cheguei cedo e consegui ficar na quarta fila quase na frente do Ian.
22:40 mais ou menos a banda subiu ao palco e mandou Going Up, música do primeiro disco, Crocodiles de 1980. A segunda música Show Of Strenght me deu a certeza de que o som estava perfeito, ouvia-se as lindas guitarras de Will Seargent e Ian McCulloch com vocal impecável ostentava seu velho charme britânico: estático,meio descabelado,com o cigarro aceso,óculos escuros e seu inseparável blaser preto.
A simplicidade do palco entrava em perfeita harmonia com a beleza do que se ouvia.O baterista Simon Finley deu um puta show, descia o braço quando necessário e era suave na hora certa.Will Seargent estava fantástico por traz dos cabelos médios, estático e discretíssimo o cara arrasava com suas paletadas precisas e criativas.Há que se lembrar que o som estava absolutamente equalizado.
Lá pela segunda ou terceira música,Ian pediu para aumentar o som e disse qualquer coisa sobre o som estar parecendo o de um rádio.(Entender o que ele fala é uma tarefa quase impossível para meu inglês enferrujado).
Som ajustado ao gosto de Mr. Ian,o show segue.
Além das músicas dos quatro primeiros discos e algumas do Siberia,último disco,rolaram dois covers,primeiro Roadhouse Blues,do Doors ?banda sobre a qual Ian disse que o Echo era superior,e é mesmo.Isso me faz lembrar de uma amiga que disse ter ouvido People are strange com o Echo e tinha gostado mais do que com o Doors,só queria ver a cara dela ouvindo Roadhouse Blues ao vivo.
Mais tarde, veio o segundo cover:Walking on wild side do Lou Reed.Nesta hora, estava lá atrás e vendo tudo -coisa rara- depois de ter me cansado de ficar entre um cara 2x2 -além de grande queria ficar na frente de todo mundo - e um pivetinho, não muito mais alto que eu, que pulou até na hora de Killing Moon. Ok, vamos nos empolgar, mas pular ouvindo Killing Moon...
Quase duas horas de show, repertório bacana, algumas músicas desconhecidas ?que sempre precisam ser tocadas num show - banda competentíssima,Ian com vocal perfeito,som bem equalizado e acústica nunca antes ouvida no Credicard Hall,resultado: sábado perfeito!

P.S.:Ian quase não fala com o público quando o faz pouco se entende.Mas num momento ele brincou com a idéia de Brasil e Inglaterra se enfrentarem na Copa do Mundo. Minha provocação futebolística a ele seria lembra-lo de apenas um nome: Mineiro.Como será que ele pronunciaria este nome carrasco,responsável pelo gol que matou o Liverpool,no mundial do Japão,em dezembro de 2005?

P.S 2: A segunda provocação está na epígrafe: ele nunca gostou dos Smiths!

26 de abril de 2006

A volta das Irmãs da Misericórdia

A escuridão está voltando para os trópicos. Os morcegos estão começando a se mover, arranhando ansiosamente com suas pequenas garras os galhos das árvores úmidas da mata atlântica, seus radares já visualizam a chegada de uma das bandas mais idolatradas pelos góticos de todo o mundo: Sisters Of Mercy. Comemorando a longa vida de 25 anos, o Sisters traz sua música e sua história, que fizeram relativo sucesso principalmente na década de 80 e início de 90, para a cidade de São Paulo, dia 19 de Maio na Via Funchal, e para o Rio de Janeiro, dia 20 de Maio no Circo Voador.

Apesar da costumeira referencia pela mídia e pelos seus admiradores, a banda sempre rejeitou o rótulo de banda gótica. Mas é compreensível a associação da banda pela maioria ao movimento gótico graças ao vocal profundo e grave de Andrew Eldritch, um dos criadores da banda e à frente dela até hoje, aos climas soturnos, pesados e lentos de algumas canções, as capas escuras de seus discos e ep´s e a própria imagem visual e de atitude que a banda passa.

Acontece que as influências do Sisters vão muito além deste clima sombrio, existiram e existe toda uma leva de bandas e estilo e imagem no mundo pop-rock que remetem ao Sisters of Mercy. Com apenas três discos lançados (First And Last And Always de 85, Floodland de 87 e Vision Thing de 90), são admirados ainda hoje por muitos que não são exatamente simpatizantes do movimento gótico e sim pelo som extremamente original e potente da banda.

Sem sobretudo e nem coturno, o Sisters of Mercy é a banda que vou seguir no mês de Maio.

16 de abril de 2006

Os Números Mágicos da Fofura Extrema

Sabe aqueles dias que você só quer chegar em casa, se afundar no sofá e fechar os olhos, pensando na vida (ou no que essa safada acabou de te aprontar)? Muitos diriam que a companhia perfeita pra uma hora dessas seria um six-pack de cerveja geladíssima, enquanto outros prefeririam a companhia de um cachorrinho de estimação ou uma grande barra de chocolate. Pois eu digo que a companhia ideal não pode ser outra senão o disco The Magic Numbers, da banda de mesmo nome.

É incrível o que este quarteto de gordinhos consegue fazer com a minha cabeça. É como se metade das ondas sonoras que saem das músicas deles distraíssem meu cérebro e os meus sentidos, enquanto a outra metade faz uma faxina geral e uma massagem completa no meu interior. Lembra dos Ursinhos Carinhosos, que podiam soltar uns "poderes" das suas barrigas? Eles sozinhos tinham poder, mas quando dois ou mais se juntavam é que a coisa ficava avassaladora de verdade, certo? O mesmo pode ser dito das vozes de
Angela Gannon (percussão, melodica e vocais), Romeo Stodart (guitarra, vocais, banjo e piano) e sua irmã Michele Stodart (baixo, vocais e teclado). Sozinhas, podem surtir efeitos calmantes, mas somente as três juntas, em sopreposições, duetos e backin' vocals, conseguiriam acalmar a maior das feras. Eu entraria na jaula de um leão selvagem, se tocassem The Magic Numbers bem alto perto do bichano.

É até estranho descrever o quanto essa banda é fofa. Pra saber do que eu estou falando, você precisa assistir aos clipes deles. Se o CD é a identidade do quarteto, é o cartão de visitas, os clipes são aquela noite que você passa acordado junto de alguém, conversando trivialidades só pra acabar descobrindo o quanto aquela pessoa é incrível. "Love's a Game", além de ser, na minha opinião, a música mais linda e fofa do mundo, é a trilha sonora dos quatro minutos e cinquenta segundos de vídeo mais sinceros que eu já tive o prazer de ouvir. A primeira vez que eu vi esse clipe, eu senti uma coisa muito estranha. Foi à uma e pouco da madrugada, no MTV Lab. Aquele clipe irradiou uma luz tão grande, um sentimento tão sincero, tão simples mas ao mesmo tempo tão completo, que todos os clipes que passaram antes e depois dele pareceram completamente sem graça (até porque, de fato, a maioria era).


Quando alguém que é fã de No Use For a Name, Millencolin, The Ataris e Less Than Jake se derrete todo em elogios à uma banda que pode ser descrita apenas como "extremamente linda e fofa", isso só pode significar duas coisas: ou a banda é realmente um achado, ou esse alguém está ficando mais, digamos, sensível.

17 de março de 2006

Mais uma lista de melhores de 2005

Deus! Perdoai os que embaçam na publicação de textos para este blog. E perdoai aqueles que escrevem listas de melhores discos do ano. Para que servem estas listas de melhores discos do ano se não para podermos discordar da ausência de nossos preferidos ou a presença de bandas não tão preferidas?
Acontece que o cara esperto que curte música sabe como utilizar este tipo de lista. Depois de reclamar e xingar muito, ele vai atrás daquele disco que nunca ouviu falar e conferir se o disco presta. Mas cada um com sua opinião.
Não escutei tudo que foi lançado em 2005 no mundo rock/pop e nem pretendo, mas influenciado por um amigo que me pediu uma lista dos dez melhores de 2005 para escrever em seu blog, vou aproveitar e massagear meu ego colocando aqui a minha lista de melhores discos de 2005, em ordem alfabética.

Art Brut
Bang Bang Rock And Roll
O punk e o post-punk da década de 70 e do início de 80 imortalizado por bandas como Vibrators, Damned e The Fall. O sotaque inglês é fenomenal, a faixa My Little Brother tem uma parte que é assim: "My little brother just discovered rock'n'roll, there's a noise in his head and he's out of control".

Bloc Party
Silent Alarm
Influências do post-punk, mas com uma levada mais new wave e dançante, sem deixar o punk de lado, sem antes não colocar uma dose de personalidade. Bateria e baixo comandando o ritmo e abrindo caminho para as guitarras fazerem seu papel, as vezes melancólico, as vezes cheio de swing.

Clap Your Hands Say Yeah
Clap Your Hands Say Yeah
O vocalista tem o mesmo timbre de voz de David Byrne do Talking Heads, mas canta de um jeito um tanto esquisito. E o legal é perceber que sua voz encaixa perfeitamente ao ótimo som cheio de camadas sonoras do restante da banda.


Epoxies
Stop The Future
Lembranças. Epoxies me faz lembrar a seminal banda punk X-Ray Spex, só que com um sintetizador no lugar do saxofone. O disco inteiro é uma festa. O poderoso vocal de Roxy Epoxy traz a essencia e a energia de uma Siouxsie. Uma banda que poderia ter surgido em 77 abrindo shows para o Blondie sem fazer feio.

Heartless Bastards
Stairs And Elevators
A voz de Erika, a vocalista, é uma pedra crua, garageira e preciosa que, junto com o restante dos Bastards, me fizeram voltar a acreditar na simplicidade do rockão de garagem. Quem um dia lembra de Mark Lanegan e seu Screaming Trees, sabe do que estou falando. A voz forte hipnotiza enquanto a simplicidade do melhor do rock cru, sem frescuras, nos faz imaginar "essa banda ao vivo deve arrebentar".

The King Khan & BBQ Show
The King Khan & BBQ Show
BBQ toca bateria, guitarra, canta, tudo ao mesmo tempo. King Khan é o indiano maluco que toca guitarra, canta, dança, tudo ao mesmo tempo. Banda de duas pessoas tem de monte, mas banda de duas pessoas que faz o autêntico rock'n'roll ser mais barulhento e mais garageiro só tem o King Khan & BBQ Show.

Ladytron
Witching Hour
A primeira coisa que pensei ao ouvir Witching Hour foi como tudo funciona tão bem. A segunda foi como todas as canções deste disco são lindas e possuem uma sonoridade agradável para qualquer momento do dia e da noite. Um electro-rock denso, dark, cheio de sensações retrô saídas do forno.

Sleater-Kinney
The Woods
Guitarras super pesadas, melodias nervosas, gritos enfurecidos, canções que não são pra qualquer ouvido. As meninas voltaram com tudo, nada de melodias fáceis. O som do Sleater-Kinney arranha e incomoda como os bons discos de rock precisam ser.

The Soviettes
III
Soviettes é uma banda que lembra em alguns momentos o punk rock feito no início dos anos 90 pela banda Greenday, mas que tem aquela identidade própria que foge fácil do estigma "mais uma banda de punk rock". Os três acordes, a energia e a forma de cantar em canções punk rock com aquele algo mais, a atitude e a diversão.

Wolf Parade
Apologies To the Queen Mary
Algumas canções me fizeram lembrar Black Francis e o seu Pixies. Outras me fizeram lembrar Arcade Fire, graças à grande quantidade de camadas sonoras e seus instrumentos de cordas, percussão, os backing vocals, a alegria misturada com a melancolia. Pixies e Arcade Fire. Tá esperando o que pra escutar Wolf Parade?